terça-feira, 28 de novembro de 2017

CURA DAS MEMÓRIAS DA REJEIÇÃO


Então clamaram ao Senhor na sua angústia, e ele os livrou das suas dificuldades. Enviou a sua palavra, e os sarou; e os livrou da sua destruição” (Salmos 107:19,20 – Almeida Corrigida Fiel).

A rejeição causa feridas no “eu” da pessoa, as quais transcendem a esfera da alma, alcançando a mente e o coração, fazendo com que a pessoa se sinta indesejada, não querida, não aceita, não aprovada pelas pessoas e, assim, causando uma série de anormalidades emocionais e mentais na personalidade em decorrência da distorção da autoimagem e de uma autoestima negativa que a pessoa ferida em seus relacionamentos passa a nutrir, tais como ódio, rancor, ressentimento, ira, orgulho ferido, vitimização de si (achar-se vítima dos acontecimentos, sempre culpando os outros por seus fracassos e derrotas – a chamada autocomiseração), desconfiança, insegurança, inveja, competição, complexos de inferioridade, depressão, perfeccionismo, dependência emocional, doenças psicossomáticas, etc.
Todos nós passamos, em algum momento de nossas vidas, por experiências de negação do amor em maior ou menor escala, tendo recebido feridas de rejeição, sendo as mais profundas aquelas que acontecem de maneira intensa e traumática (ex: abuso sexual, psicológico, físico e/ou religioso) no período da infância e adolescência, bem como até mesmo na vida intrauterina, já que tudo aquilo que a mãe sente o feto também sente, sendo internalizada na memória dele todas as experiências de rejeição que a mãe tenha experimentado em relação a ela ou ao feto (neste sentido, consultar SEAMANDS, David. 2 ed. A Cura das Memórias. São Paulo: Mundo Cristão, 2007, p. 5-17).
As feridas mais dolorosas da rejeição também são aquelas que ocorrem no relacionamento com os pais e familiares e/ou figuras de autoridade (ex: professores, pastores, líderes), uma vez que é neste tipo de relacionamento que são formadas na mente e no coração do homem os referenciais de amor, aceitação, aprovação, identidade, valor como pessoa, segurança, autoridade. Se tais relacionamentos são prejudicados pela rejeição, a alma humana fica ferida, resultando nas distorções emocionais e mentais citadas acima, as quais serão transferidas e projetadas em todos os demais relacionamentos, isto é, acabamos por ferir as pessoas com as mesmas armas com as quais nos feriram.
As feridas da rejeição prejudicam, portanto, a nossa capacidade de nos relacionarmos de forma sadia conosco mesmos, com os outros e inclusive em relação a Deus, a quem não conseguimos ver com uma fonte de amor incondicional (neste sentido, GUILLEN, Fernando. O Espírito de Rejeição. Belo Horizonte: Ministério Se7e Montes, s/d. 2 DVD).
O antídoto para as feridas da rejeição é o perdão. O perdão é a porta de entrada do Reino de Deus; só temos a possibilidade de ter relacionamento com Deus, porque Ele primeiramente nos perdoa por intermédio do sacrifício de Cristo na cruz e, de semelhante modo, devemos perdoar as ofensas cometidas contra nós.
Toda experiência de negação do amor, isto é, de rejeição provoca dois fenômenos na pessoa ferida: 1. medo da rejeição (medo de ser rejeitado novamente) e 2. autorrejeição (o trauma da rejeição faz a pessoa acreditar em uma crença negativa a respeito dela mesma em função do trauma).
Toda a experiência de rejeição é curada com o perdão em relação à pessoa que nos ofendeu, abusou ou mesmo nos abandonou, entretanto, para a cura completa da alma é preciso que as barreiras da autorrejeição caiam.
Em toda experiência de rejeição ou trauma emocional, a pessoa acaba absorvendo o medo da rejeição que esta experiência lhe causou e, como fruto deste medo, ela fica com a autoimagem partida, isto é, com autorrejeição: a pessoa não se sente amada, querida e com valor e assume como verdade uma mentira diabólica a respeito dela mesma, que causa dor e sofrimento.
Essa crença negativa que a pessoa internaliza a partir do trauma é uma MALDIÇÃO AUTO IMPOSTA.
Então, no processo de cura interior e libertação da rejeição, durante a oração, o Espírito Santo tem de trazer à memória da pessoa a raiz do problema: o evento traumático e revelar qual foi a crença negativa que a pessoa assumiu a partir daquele trauma, ou seja, como a pessoa se autoamaldiçoou.
A partir da revelação do Espírito Santo, a pessoa confessa em oração os sentimentos dolorosos que vivenciou com o trauma (ex: medo, abandono, ira, etc.), entregando-os ao Senhor e se arrepende da maldição auto imposta, isto é, arrepende-se de ter recebido como verdade uma mentira do inferno a seu respeito e declara a maldição auto imposta quebrada no nome e no sangue de Jesus, proibindo toda a influência demoníaca decorrente da iniquidade (da forma de pensar errada sobre si, da forma distorcida e desalinhada da Palavra de Deus de pensar a respeito de si mesma). Ex. de maldições auto impostas: "eu não valho nada", "eu sou inadequado", "eu sou incapaz", etc.
A pessoa tem de declarar sobre si as verdades da Palavra a seu respeito: que tem valor, que é filho de Deus, etc.
E lógico: a pessoa em oração precisa perdoar a quem lhe feriu e se perdoar também. Renunciar o medo e se aceitar.
Por fim, a pessoa deve se colocar diante do Espírito Santo e convidá-lo a ministrar o que Ele quiser ministrar a ela: muitas vezes, Deus dará visões curadoras as pessoas, testemunhará em seu íntimo palavras de afirmação ou lembrará ela de momentos em que ela se sentiu amada para promover a cura das emoções.
É importante lembrar que algumas experiências de rejeição foram fortes demais e desencadearam muitas crenças negativas diferentes no coração da pessoa. Então, é muito normal que o Espírito Santo cure a pessoa em estágios e trabalhe um aspecto diferente da mesma experiência de cada vez em cada oração, porque a pessoa não suporta tudo de uma vez.
Gostaria de trazer ao leitor um exemplo da minha vida:

Eu estava pesquisando sobre como a idolatria e o racionalismo apagaram o mover sobrenatural do Espírito Santo na igreja ao longo da história. Aproveitei para me colocar diante do Senhor e me arrepender por todo intelectualismo que dominou minha vida: desde muito pequeno, eu tinha uma sede enorme de adquirir conhecimento para me autoafirmar, para provar que eu era importante, digno de valor e, mesmo quando fui batizado com o Espírito Santo e agraciado com os dons espirituais, continuei sendo racional e confiando mais no conhecimento do que em Deus. Enquanto me arrependia desta iniquidade, o Senhor falou para mim: ‘VOCÊ É ASSIM PORQUE VOCÊ ACREDITA QUE NÃO É DIGNO DE SER CUIDADO’. Pedi ao Senhor revelação da origem disso e Ele me mostrou uma foto da minha mãe grávida em preto e branco. Ele me revelou que minha mãe passou para mim os medos que ela tinha em relação ao meu pai: engravidou solteira e não sabia se meu pai cuidaria dela e de mim. Confessei os pecados do meu pai e mãe pela concepção fora do casamento, confessei meus sentimentos em relação à experiência (medo, insegurança) e renunciei a iniquidade, quebrando-a no nome e no sangue de Jesus. Renunciei a maldição auto imposta "EU NÃO SOU DIGNO DE SER CUIDADO", quebrando-a no nome e no sangue de Jesus e proibindo toda a influência demoníaca decorrente da iniquidade. Perguntei ao Senhor se ele queria tratar mais alguma coisa em relação a esse incidente e Ele me disse: ‘essa experiência também fez você rejeitar seu corpo e acreditar que SEU CORPO NÃO É DIGNO DE SER CUIDADO’. Mais uma vez me arrependi da maldição auto imposta, renunciando-a e quebrando-a no nome e no sangue de Jesus e proibindo toda a influência demoníaca decorrente da iniquidade. O resultado: mais cura na minha identidade (passei a me amar mais e ficar melhor com minha autoimagem corporal) e mais amor pelos meus pais encheu meu coração”.

É de se dizer que essa oração também pode ser feita com o auxílio de um pastor, conselheiro ou libertador (Tiago 5:16), até mesmo porque, em muitos casos, a pessoa não tem força, nem luz para se libertar sozinha. Mas o ideal é que ela se fortaleça, seja educada neste processo a respeito de suas questões emocionais e desenvolva com Deus uma intimidade para receber diretamente dele a ministração da cura interior em oração.
 Por fim, acentue-se que esta não é uma mera mecânica. A cura interior é uma obra sobrenatural de ministração pessoal do Espírito Santo, mas que envolve por parte daquele que quer ser curado três grandes princípios: o arrependimento de pecados (de uma forma pecaminosa de crer a respeito de si mesmo), do perdão das ofensas praticadas contra si e do perdão de pecados e iniquidades que o Senhor nos dá por intermédio do nome e do sangue de Jesus – sem esses três elementos, não há cura, portanto, o primeiro passo essencial de todo aquele que quer ser curado é renunciar ao orgulho e ter uma disposição de a tudo perdoar, inclusive a si mesmo quando necessário, dependendo inteiramente do Espírito Santo para o seu processo.

Pablo Luiz Rodrigues Ferreira
rugidodaverdade.blogspot.com



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