quarta-feira, 8 de agosto de 2012

DERRUBANDO AS ESTRUTURAS ANTIGAS PARA CONSTRUIR O NOVO: UMA EXPOSIÇÃO ACERCA DO CONCEITO DE “FORTALEZA ESPIRITUAL”




            Apesar da linda realidade da redenção e transformação disponível a todo cristão pela atuação do Espírito Santo, é só olharmos ao nosso redor para perceber que a cristandade que nos cerca está muito aquém deste padrão. Nunca se viu uma geração tão decaída e com o caráter tão distorcido como nos dias de hoje, a ponto de constatarmos a realidade exposta em Mateus 24:12: “E, por se multiplicar a iniquidade, o amor se esfriará de quase todos” (ARA).
            Por que, apesar de termos herdado a vida que vem do Espírito Santo, não temos a mente de Cristo?
            É porque não renovamos a nossa mente, não deixamos de tomar a forma do mundo, enfim, porque não nos dispusemos a destruir o que chamo de “fortalezas espirituais” ou “fortalezas da mente”, que nos mantêm cativos aos padrões da iniquidade e do pecado.  
Em virtude da queda do homem no Éden, o pecado entrou no mundo e corrompeu todo o ser do homem e seu coração (Jr 17), danificando as suas emoções e deformando a sua mente com todo tipo de padrão distorcido e injusto de comportamento em relação ao padrão que Deus estabeleceu em sua Palavra, tais padrões distorcidos de mente são o que se chama de “fortalezas espirituais” ou “fortalezas da mente”, isto é, padrões de desobediência a Palavra de Deus, padrões de orgulho (altivez), que levam o homem a levar a sua vida independente de Deus (justiça própria e autossuficiência), bem como os sofismas, os quais são padrões de engano e mentiras espirituais que estão enraizados na mente do homem e determinam a sua ação moral, conforme se depreende de 2 Coríntios 10:4-6:

Porque as armas da nossa milícia não são carnais, e sim poderosas em Deus, para destruir fortalezas, anulando nós sofismas e toda a altivez que se levante contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo, e estando prontos para punir toda desobediência, uma vez completa a vossa submissão (ARA) (grifo nosso).
           
As “fortalezas espirituais” ou “fortalezas da mente” são padrões enraizados em nossas mentes e que se opõem ao verdadeiro conhecimento de Deus; são padrões que adquirimos convivendo com os “três gigantes” mais difíceis de ser derrotados, quais sejam o diabo, o mundo e a carne, o que bem se pode depreender da leitura de Tiago 3:13-15:

Quem dentre vós é sábio e entendido? Mostre pelo seu bom procedimento as suas obras em mansidão de sabedoria. Mas, se tendes amargo ciúme e sentimento faccioso em vosso coração, não vos glorieis, nem mintais contra a verdade. Essa não é a sabedoria que vem do alto, mas é terrena, animal e diabólica (ARC – grifo nosso).

            Leitor, não se engane! Todos os nossos comportamentos que não condizem com a verdade da Palavra de Deus são frutos do cultivo de mentiras forjadas contra a Verdade; são aquelas mentiras que recebemos como “verdade” e que formam uma sabedoria que é terrena, animal e demoníaca, até mesmo porque, conforme as Escrituras nos esclarecem, o diabo é o pai da mentira:

Vós tendes por pai o Diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai; ele é homicida desde o princípio, e nunca se firmou na verdade, porque nele não há verdade; quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio; porque é mentiroso, e pai da mentira (Jo 8:44 - ARC).

            Consoante às palavras proferidas pelo próprio Jesus, nosso inimigo é homicida desde o início e ele usa a mentira como arma para roubar, matar e destruir tudo aquilo que temos de melhor, mantendo a nossa mente cativa a todo tipo de engano do pecado com a finalidade de nos desfigurar e eliminar, embrutecendo o coração do homem de tal forma que ele perca a sua condição de ser criado à imagem e semelhança de Deus.
Tendo um adversário homicida como este, renovar a mente e lutar a batalha da fé, portanto, não é uma mera opção de nossa ou uma sugestão que podemos seguir, mas uma absoluta necessidade, sob pena de, se assim não procedermos, a derrota ser certa e a nossa ruína inevitável. Neste sentido, trago à colação as palavras da irmã Basilea Schlink:

Tenho um inimigo que está sempre nos meus calcanhares, pronto a atacar-me e vencer-me. Ele quer ter-me como presa sua. Se o inimigo não está apenas me ameaçando mas já começou a lutar, estarei em perdido, se não me armar e entrar no campo de batalha. Daí que, enfrentar a batalha da fé ou deixar de fazê-lo, não é questão deixada ao nosso capricho, e, sim, de absoluta necessidade. De outro modo, estamos irremediavelmente perdidos. Não podemos adotar uma atitude passiva e não fazer nada, a menos que, naturalmente, não nos incomodemos de ser presa do inimigo (Nunca mais serás o mesmo. 4 ed. Venda Nova: Betânia, 1988, p. 12). 

            Dentro desta ordem de ideias, uma parte fundamental do nosso processo de renovação da mente é identificar as mentiras, os falsos conceitos que dizemos para nós mesmos em nosso diálogo íntimo, identificar, portanto, as “fortalezas da mente”, renunciá-las e substituí-las pelas verdades da Palavra de Deus, aplicando-as em nossas vidas com novas atitudes baseadas nos conceitos verdadeiros, uma vez que “modifiquem-se os fatos em que o homem crê, e assim serão modificados seus sentimentos e conduta” (cf. BACKUS, William; CHAPIAN, Marie. Fale a Verdade Consigo Mesmo. 2 ed. Venda Nova: Betânia, 2000, p. 28).
            Por exemplo, uma pessoa que se autodeprecia (complexo de inferioridade) tende a ter sentimentos de incapacidade, desvalor em relação a si mesma, solidão, tristeza profunda, isolamento, magoa-se com facilidade, interpreta as críticas como uma rejeição a si, etc.; tais sentimentos negativos não serão curados a menos que a pessoa, além de restaurar seus relacionamentos partidos com a liberação de perdão, disponha-se a identificar os falsos conceitos que recebeu como “verdade” em seu coração e que geram a autodepreciação, rejeitando-os e substituindo-os pela verdade da Palavra de Deus com atitudes concretas, uma vez que somente quando aplicamos a verdade em fé, em operação com o poder da experiência é que verdadeiramente poderemos ser transformados pelo Espírito Santo.
            Em 2 Coríntios 10:5, acima transcrito, a versão Almeida Revista e Atualizada da Bíblia usa a expressão “sofisma” como um tipo de fortaleza espiritual a ser destruída. O dicionário Michaelis define sofisma nos seguintes termos: “(do grego sóphisma) 1 (da Lógica) Raciocínio capcioso, feito com intenção de enganar. 2 Argumento ou raciocínio falso, com alguma aparência de verdade. 3 (popular) Dolo, engano, logro”. É justamente com os sofismas que o inimigo contamina a mente das pessoas, comunicando mentiras que tem o poder de deixar a mente das pessoas presas, cativas aos padrões do pecado e da iniquidade. Os sofismas são aquelas mentiras que recebemos como “verdade”, aquelas mentiras forjadas com a intenção de enganar e só conseguem seu intento porque tem a aparência de verdade; se os sofismas não tivessem a aparência de verdade, não teriam o poder de enganar e uma mente atolada de sofismas se orientará por eles, reproduzindo comportamentos e emoções desviadas da verdade, iníquas, pecaminosas e doentes.
            Um resultado do engano dos sofismas é uma mente presa aos padrões da iniquidade, ao orgulho, à altivez, à justiça própria, à falta de perdão e aos sentimentos negativos que retiram da alma a alegria de viver. Aliás, a face macabra dos sofismas é o terrível ciclo vicioso que causam: eles contaminam a mente com mentiras, causando comportamentos e emoções deformadas, os quais produzem essa aparência de verdade; por exemplo, uma pessoa que se sente rejeitada poderá pensar: “eu sou rejeitado, não valho nada, não sirvo para nada”; uma pessoa viciada em drogas, álcool, sexo poderá dizer para si mesma: “eu não posso, não consigo viver sem isso”; uma pessoa que não tem uma boa autoestima e procura seu senso de valor em outra pessoa poderá dizer: “eu não posso, não consigo viver sem fulano”, alimentando um ciclo de dependência emocional e de falta de domínio próprio; uma pessoa que fracassou várias vezes poderá dizer: “eu sou um fracasso, nada do que faço dá certo” e viver atormentada pelo medo de fracassar e, frequentemente, não obterá êxito nas coisas que fizer e terá medo de tentar coisas novas porque se sente incapaz de concretizá-las; uma pessoa que foi traída em um relacionamento significativo poderá nutrir em sua mente: “não posso, não consigo confiar em ninguém, todos são iguais e igualmente me trairão e me usarão”, realimentando a amargura e a incredulidade em relação aos relacionamentos, entre outros. O que se tem de comum em relação aos falsos conceitos acima descritos? Eles mantêm a pessoa em cárcere emocional, travando a sua mente e servindo de base para os seus relacionamentos, os quais com certeza não serão saudáveis, não só em relação aos outros, como também em relação a si mesma. Não é a toa que Os Guinness diz: “O estoque do diabo no mercado é um mundo de meias verdades e meias mentiras onde a meia mentira mascara-se como a completa verdade” (apud SEAMANDS, David A. Putting away childish things. In: Healing your heart of painful emotions. New York: Inspirational Press, 1993, p. 188).
            Diante do exposto, um dos passos fundamentais do nosso crescimento espiritual é justamente derrubar estas mentiras, substituindo-as pelas verdades contidas na Palavra de Deus a nosso respeito. Não poderemos construir algo novo em nossas vidas com os velhos alicerces e as paredes feitas com os tijolos e o reboco do inferno intactos e, se não os destruirmos, certamente eles nos destruirão ou, então, manterão a nossa vida em um patamar muito aquém daquilo que Deus deseja para nós, que é uma vida abundante.    

Pablo Luiz Rodrigues Ferreira
rugidodaverdade.blogspot.com

Excerto retirado do texto de minha autoria UM NOVO IMAGINÁRIO, UMA NOVA MENTALIDADE: REFLEXÕES SOBRE OS FUNDAMENTOS BÍBLICOS DA RENOVAÇÃO DA MENTE, a ser postado futuramente no blog rugidodaverdade.blogspot.com   

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