Perdoar requer de nós que assumamos a responsabilidade
por nossas decisões e atos, tal como a renúncia de usar a ofensa
como uma “desculpa” ou “justificativa” para os nossos
fracassos.
O apóstolo Paulo tinha a consciência de que as coisas
velhas tinham de ficar para trás, uma vez que tomamos a decisão de
estar em Cristo e de ser uma nova criatura (2 Coríntios 5:17), mas
as coisas só são, de fato, “velhas” quando tomamos a decisão
de assim tratá-las, renunciando-as, inclusive através do perdão.
Perdoar nos tira da posição de vítima e nos faz
assumir a nossa responsabilidade pelas nossas decisões e erros.
Temos que nos dispor a sair da cadeira da vítima, o que
é o mais difícil em todo o processo, e decidirmos ser sobreviventes
e vencedores em relação a ofensa e não dizermos assim: “eu estou
nessa situação por causa da ofensa contra mim cometida”, “se
isso não tivesse acontecido comigo, eu seria uma pessoa feliz e
realizada”, “fracassei, porque isso aconteceu comigo”.
Essas e outras “desculpas” são extremamente
perigosas, impedindo-nos de perdoar e acabam funcionando como uma
“justificativa” para que não enfrentemos a realidade de quem
somos e das áreas que precisamos mudar, mantendo intacta a nossa
justiça própria, o orgulho, a autocomiseração (sentimento de
sentir pena de si mesmo), o perfeccionismo, os complexos de
inferioridade.
A dificuldade de perdoar mostra traços claros de
perfeccionismo e orgulho e de uma falsa piedade que diz: “você não
sabe o quanto é duro viver o nível espiritual que tenho”.
A responsabilidade de viver uma vida feliz e plena no
Senhor é nossa e precisamos assumi-la e não transferirmos para os
outros as nossas responsabilidade e culpas (cf. SEAMANDS, David. A
Cura das Memórias. São Paulo: Mundo Cristão, 2007, p. 131).
Pense nisso: em que questões de sua vida você sangra
por dentro porque você se culpa pelo tempo perdido em razão de uma
ofensa ou dívida emocional decorrente de uma pessoa que lhe feriu?
Em que situações você usa as ofensas não perdoadas para
justificar suas deformidades de caráter ou seus erros e fracassos?
[Excerto retirado, acrescido de reflexões e adaptado do
texto de minha autoria: DE ESCRAVO A FILHO: REFLEXÕES NA EPÍSTOLA
DE PAULO A FILEMOM CONCERNENTES AO PERDÃO E A GRAÇA ABUNDANTE DE
DEUS NA RESTAURAÇÃO DO HOMEM, disponível em: http://rugidodaverdade.blogspot.com.br/2012/03/de-escravo-filho-reflexoes-na-epistola_24.html]
Pablo Luiz Rodrigues Ferreira
rugidodaverdade.blogspot.com.br
pablolrferreira@hotmail.com
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