sexta-feira, 23 de novembro de 2012

ABOMINAÇÃO





Este é um pequeno texto que surgiu na manhã deste dia 23.11.2012 após uma reflexão e uma lembrança que passo a narrar ao leitor.

Certo dia, ouvi uma amiga minha dizendo que tinha ido até um ponto de travestis aqui de Belém para evangelizar e lá um deles pediu para que ela mostrasse a passagem da Bíblia que dizia que eles eram uma abominação diante de Deus. O texto que ele se referia é o seguinte:

Com homem não te deitarás, como se fosse mulher; é abominação (Levítico 18:22).

Diante de tal reação, presumo que o “embaixador” de Cristo que apresentou o “evangelho” para ele conhecia apenas a letra que mata, mas não foi capaz de transmitir a essência de Jesus, que é cheio de graça e de verdade e que busca e salva o perdido das prisões do pecado.

Infelizmente, esta postura apática e preconceituosa, que, longe de estar alojada somente em indivíduos determinados, mas compõe o próprio imaginário da “cristandade” de forma coletiva, denota que pregamos a graça, entretanto, temo-la somente como pressuposto doutrinário formal e abstrato; na prática, negamos a graça com nossas atitudes e rejeitamos o que tememos e o que não compreendemos e nem temos vontade de compreender.

Erramos por não conhecer as Escrituras. Há mais coisas que o Senhor Deus considera abominação:
  
16 Seis coisas o SENHOR aborrece, e a sétima a sua alma abomina: 17 olhos altivos, língua mentirosa, mãos que derramam sangue inocente, 18 coração que trama projetos iníquos, pés que se apressam a correr para o mal, 19 testemunha falsa que profere mentiras e o que semeia contendas entre irmãos (Provérbios 6).

Acredito que, só pela postura orgulhosa, as mentiras, a língua desenfreada e as contentas, a maioria de nós pode dizer que é uma abominação diante de Deus e que literalmente está condenado ao fogo do inferno.

2 Vi também a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus, ataviada como noiva adornada para o seu esposo. (...) 27 Nela, nunca jamais penetrará coisa alguma contaminada, nem o que pratica abominação e mentira, mas somente os inscritos no Livro da Vida do Cordeiro (Apocalipse 21).

E o que dizer da nossa justiça própria? Por isso Jesus reprovava os fariseus:

14 Os fariseus, que eram avarentos, ouviam tudo isto e o ridiculizavam. 15 Mas Jesus lhes disse: Vós sois os que vos justificais a vós mesmos diante dos homens, mas Deus conhece o vosso coração; pois aquilo que é elevado entre homens é abominação diante de Deus (Lucas 16).

E quem de nós não tem algo alojado no coração que trata com tal importância que é comparável ao se prostrar diante de um ídolo?

Mais do que nunca precisamos de uma reforma protestante que traga a graça e a verdade para dentro de nós e nos faça admitir a nossa hipocrisia, de modo que possamos nos arrepender e jogá-la fora.

“Hipócrita”, assim Jesus qualificava os religiosos de seu tempo por sua falta de misericórdia, é uma palavra que vem do grego hipokrités e era aplicada ao ato de representar uma peça teatral usando máscaras.

Este é o primeiro passo da reforma e avivamento pessoais: reconhecer que temos representado um papel de “santos” e de que necessitamos expor as abominações e os preconceitos da nossa vida e andar na luz, retirando as nossas máscaras.

Confessai, pois, os vossos pecados uns aos outros e orai uns pelos outros, para serdes curados. Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo (Tiago 5:16).

Temos que lembrar que o Evangelho é fundamentado na graça de Deus mediante o sacrifício de Jesus. Deus abomina o pecado, desaprovando, portanto, o comportamento, mas aceita o pecador mediante o sacrifício de Jesus e pode transformá-lo de glória em glória.

Sabe gente, Deus, por exemplo, desaprova o divórcio, mas quer tratar com graça aqueles que ficaram despedaçados pela ruptura do vínculo matrimonial de forma a possibilitar a restauração das vidas. O mesmo se aplica a uma série de condutas pecaminosas e históricos de vida, que não cito para não cansar o leitor, o qual, muitas vezes, mal tem “tempo” para refletir em algo que realmente o transforme.

Será que estamos preparados para receber determinados “tipos” de pecadores na igreja?

A resposta vai depender de até que ponto estamos dispostos a permitir que o Senhor trabalhe em nossas vidas, retirando as máscaras da falsa piedade, do orgulho, da hipocrisia, da vida dupla, da falsa modéstia, da justiça própria, da frieza ou da falta de perdão (cf. LOPES, Hernandes Dias. Removendo máscaras. São Paulo: Hagnos, 2004, p. 7).

Um irmão cai e logo apontamos o dedo. Mas é de se perguntar: será que o irmão encontrou alguém na igreja disposto a ouvi-lo e entendê-lo com graça e verdade? Será que nessas horas maquinamos o mal ou cogitamos acerca de uma forma de ajudar o irmão caído a voltar para os braços do Pai?

Nos dias de hoje, a coisa mais rara é encontrar cristãos dispostos a se submeterem a um discipulado sério e comprometido com o Senhor primeiramente, com a finalidade de crescer espiritualmente e ajudar outros no processo.

Muitos querem continuar no lugar da dor, porque se acomodaram na cadeira do trauma, da separação, da rejeição e da vitimização do seu histórico de vida, tratando-se como coitadinho. Muitos saíram das trevas, mas ainda não estão andando na luz; estão na sombra ou usando uma máscara perfeccionista. Muitos querem fazer de suas obras o centro de sua espiritualidade.

Estamos na era da conexão digital, mas, ao mesmo tempo, desconectados do nosso irmão.

Somos cristãos “sem graça”.

Esta palavra é primeiramente para mim. Tomara que ela sirva para você. Oro para que sejamos achados fiéis no Dia de Cristo e que Ele nunca nos diga:

22 Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres?
23 Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniquidade (Mateus 7).

Que a graça de Deus nos salve de nós mesmos.


Pablo Luiz R. Ferreira
rugidodaverdade.blogspot.com
pablolrferreira@hotmail.com







quinta-feira, 1 de novembro de 2012

PROTESTANTE SIM, EU SOU! – ALGUMAS REFLEXÕES PESSOAIS SOBRE A NECESSIDADE DE UMA REFORMA PROTESTANTE NOS DIAS DE HOJE






No dia 31 de outubro, comemora-se o dia da Reforma Protestante, entretanto, nunca a igreja precisou tanto de uma reforma como nos dias de hoje. Os parágrafos seguintes são trechos de postagens minhas no facebook e estão aqui reproduzidas de forma adaptada para expor as minhas ideias. Desde logo deixo claro que elas não têm intuito difamatório de nenhum líder em particular, mas foram feitas a partir de minha experiência e leituras cotidianas.

I - REFORMA PROTESTANTE HOJE: O AMOR É UMA DAS ESSÊNCIAS DO REINO DE DEUS. MAS ATÉ ONDE SEI O AMOR NÃO TEM O PODER DE SANTIFICAR AS COISAS. Hoje, em nome do amor, estamos tolerando muitas coisas erradas no meio da igreja protestante: relações sexuais ilícitas, casamentos fora dos padrões da vontade de Deus, a relativização das doutrinas fundamentais da fé para que as pessoas possam fazer uma "adesão intelectual" ao Evangelho sem tratar de suas iniquidades, a teologia da prosperidade, etc. LEMBREM-SE: COMO DIZ EM I Coríntios 13:6, O AMOR "não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a VERDADE".

II - REFORMA PROTESTANTE HOJE: O amor é o nosso diferencial, mas nunca esqueçamos que Jesus, como nos diz o Evangelho de João, era cheio de graça e verdade. O amor entra na questão da graça e por isso os fariseus eram reprovados por terem uma religiosidade vazia e cega as necessidades das pessoas. Mas e a verdade? Não podemos fazer da casa de Deus o que bem entendemos em nome de "evangelização". Lembremos que Deus matou os filhos de Arão porque ofereceram fogo estranho e Jesus expulsou os vendilhões do Templo com violência porque faziam da casa de Deus um mercado. Nenhuma Reforma Protestante é genuína se não resgatarmos, ao mesmo tempo, a essência do AMOR e do TEMOR e ZELO NO SENHOR e por suas coisas. E quando falo isso, não estou "ferido" com ninguém especificamente, nem julgando ninguém; temos de ter compromisso com a verdade e não desqualificar absolutamente ninguém. Onde a igreja teria parado se Martinho Lutero, João Calvino e outros tivessem calado suas vozes para as coisas erradas da igreja daquela época? E onde vamos parar se nos calarmos nos dias de hoje? Pensem e reflitam, não podemos julgar ninguém, mas não podemos calar a voz da Reforma para os dias e hoje e, isso muitas vezes, implicará em mexer com as estruturas de poder que sustentam o conforto de alguns...

III – PRECISAMOS RESGATAR NO MEIO DO POVO O APREÇO PELA PALAVRA DE DEUS, ENSINANDO-A, JÁ QUE O POVO DE DEUS PERECE PORQUE LHE FALTA O CONHECIMENTO. Um amigo meu disse: "{Cuidado} Não abra seu coração para quem nem se quer abre a Bíblia". Eu te digo que tem gente querendo ser guia dos outros sem se quer ter lido toda a Bíblia uma única vez. E pior, ainda tem líder que deixa que isso aconteça.

IV - PRECISAMOS DE REFORMA QUE EXPURGUE DA IGREJA A VISÃO DOS NÚMEROS (12, 144, 20736 ...). Igreja não é empresa privada para trabalhar com metas de desempenho. Precisamos falar do "1" que verdadeiramente cura e liberta, o Senhor Jesus. Eu amo ser discipulador e amo meus discípulos, mas tenho a consciência de que eles não são meus e sim de Jesus e que a essência do discipulado é levá-los a Cristo.

V- PRECISAMOS DE UMA REFORMA EM QUE OS PASTORES DEIXEM DE TER RELAÇÃO TRABALHISTA COM A IGREJA, já que muitos estão prostituindo sua voz profética para não perderem seus empregos, tudo em nome da "unidade".

VI - PRECISAMOS DE UMA REFORMA PROTESTANTE QUE NÃO FAÇA POUCO CASO DAS PESSOAS E DE SUAS NECESSIDADES DE CURA INTERIOR E LIBERTAÇÃO; precisamos resgatar a dependência incondicional do Espírito Santo para revelar a necessidade específica de cada pessoa de forma a tratá-la adequadamente e não simplesmente dizer para que ela deve esquecer o passado.

VII - PRECISAMOS DE UMA REFORMA PROTESTANTE QUE RESGATE O FATO DE QUE PRECISAMOS DE LÍDERES E DISCIPULADORES QUE ENXERGUEM E TENHAM DISCERNIMENTO, uma vez que um cego não guia outro cego, sob pena dos dois caírem no precipício; precisamos de instrução adequada para habilitar as pessoas leigas a desenvolverem um trabalho efetivo de aconselhamento e que tal tarefa é dever de todos e não somente de alguns “iluminados”. PRECISAMOS FORMAR ADEQUADAMENTE OS LEIGOS PARA QUE POSSAM EXERCER OS DONS ESPIRITUAIS QUE DEUS CONCEDEU DE FORMA ÚTIL AO CORPO DE CRISTO, acabando com a visão com a visão centralizadora de todos os ministérios nas mãos de pastores, já que todos foram chamados para ser úteis e frutíferos para o Reino de Deus e discipular as nações.

VIII - PRECISAMOS DE UMA REFORMA PROTESTANTE QUE TIRE OS JOGOS DE ILUMINAÇÃO DE DENTRO DAS IGREJAS. Escandaliza-me ver a igreja sendo transformada em uma boate, já que Jesus disse: minha casa será casa de oração. Nosso Deus é um Deus de ordem e de decência. Somos separados pela verdade; se nos parecemos com as formas do mundo, qual será nosso diferencial?

IX - precisamos de uma Reforma Protestante que resgate a verdade fundamental de que AS PESSOAS NECESSITAM DE RELACIONAMENTOS SAUDÁVEIS nas igrejas para que elas possam se restaurar e de que as pessoas não estão somente na igreja para receber palavra, mas para receber graça.

X - Precisamos de uma Reforma Protestante que resgate a verdade de que SOMOS POVO DE PROPRIEDADE EXCLUSIVA DE DEUS E NÃO DOS "LÍDERES" para a consecução dos objetivos destes.

Pablo Luiz Rodrigues Ferreira
rugidodaverdade.blogspot.com
pablolrferreira@hotmail.com

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

A FORTALEZA ESPIRITUAL DO ENGANO DE IDENTIDADE E A CRISE DE IDENTIDADE À LUZ DA BÍBLIA: A TENTAÇÃO E A FORMA DE CONSTRUÇÃO DA IDOLATRIA, BEM COMO UMA BREVE APRECIAÇÃO DO CICLO DO PECADO SEXUAL E DOS VÍCIOS DE FORMA GERAL




A palavra chave que caracteriza o estado da queda do homem é “separação”; o pecado, corrompendo todo o nosso ser, mantendo-nos sob uma condição de mente iníqua e reprovável, separou-nos de Deus e, por via de consequência, afetou o nosso aspecto relacional, separando-nos do cultivo sadio e sem barreiras de relacionamentos com o próximo, conosco mesmos e com a natureza.
 Com a queda, o homem entrou em um estado de inimizade com Deus, passando a negar a soberania dEle sobre todas as coisas criadas, inclusive sobre si, bem como não Lhe dando a glória devida como criador; o homem, que inicialmente extraia de Deus toda a sua identidade, valor como pessoa e destino, passa por um processo de degradação de sua personalidade no qual passa a extrair a sua identidade das coisas criadas, ou, de acordo com as expressões utilizadas em Romanos 1:25, muda a verdade de Deus em mentira, adorando e servindo a criatura em lugar do Criador.
O texto de Romanos 1:18-25 traz de forma explícita os efeitos da queda, asseverando que o homem em sua condição natural, morto em seus delitos e pecados, não nascido do Espírito Santo encontra-se nesse estado de separação de Deus, sendo entregue a uma mentalidade maligna e sujeito toda sorte de paixões, perversões e desejos egoístas, conforme se depreende do texto abaixo transcrito:

18 A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça; 19 porquanto o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou. 20 Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis; 21 porquanto, tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato. 22 Inculcando-se por sábios, tornaram-se loucos 23 e mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, bem como de aves, quadrúpedes e répteis. 24 Por isso, Deus entregou tais homens à imundícia, pelas concupiscências de seu próprio coração, para desonrarem o seu corpo entre si; 25 pois eles mudaram a verdade de Deus em mentira, adorando e servindo a criatura em lugar do Criador, o qual é bendito eternamente. Amém! 26 Por causa disso, os entregou Deus a paixões infames; porque até as mulheres mudaram o modo natural de suas relações íntimas por outro, contrário à natureza; 27 semelhantemente, os homens também, deixando o contato natural da mulher, se inflamaram mutuamente em sua sensualidade, cometendo torpeza, homens com homens, e recebendo, em si mesmos, a merecida punição do seu erro. 28 E, por haverem desprezado o conhecimento de Deus, o próprio Deus os entregou a uma disposição mental reprovável, para praticarem coisas inconvenientes, 29 cheios de toda injustiça, malícia, avareza e maldade; possuídos de inveja, homicídio, contenda, dolo e malignidade; sendo difamadores, 30 caluniadores, aborrecidos de Deus, insolentes, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes aos pais, 31 insensatos, pérfidos, sem afeição natural e sem misericórdia. 32 Ora, conhecendo eles a sentença de Deus, de que são passíveis de morte os que tais coisas praticam, não somente as fazem, mas também aprovam os que assim procedem (Romanos 1:18-32 – ARA, grifos nossos).

O homem é um ser adorador por natureza e estrutura intrínseca, isto é, ele extrai sua identidade daquilo que adora, daquilo que atribui como fonte de valor para si, portanto, se ele não adora a Deus, passará a adorar as coisas criadas, fazendo das mesmas o eixo sobre o qual sua vida gravitará e, assim fazendo, será transformado à imagem e semelhança das coisas que adora e será tão vazio quanto elas. Neste sentido, o Salmo 115:4-8 assim veicula a respeito da idolatria:

4 Prata e ouro são os ídolos deles, obra das mãos de homens. 5 Têm boca e não falam; têm olhos e não veem; 6 têm ouvidos e não ouvem; têm nariz e não cheiram. 7 Suas mãos não apalpam; seus pés não andam; som nenhum lhes sai da garganta. 8 Tornem-se semelhantes a eles os que os fazem e quantos neles confiam (ARA, grifos nossos).

E também o Salmo 97:7 dispõe: “Sejam confundidos todos os que servem a imagens de escultura, os que se gloriam de ídolos; prostrem-se diante dele todos os deuses” (ARA). O texto citado traz uma palavra interessante quanto ao ciclo de formação da idolatria, qual seja o verbo “confundir”, pelo que se infere que o homem em sua condição decaída e idólatra das coisas criadas padece de estado de confusão quanto à sua identidade. O dicionário Michaelis assim define a palavra confusão:

confusão
con.fu.são
sf (lat confusione) 1 Ação ou efeito de confundir. 2 Estado do que se acha aturdido: A confusão do motorista originou-se da balbúrdia do trânsito. 3 Dir Mistura de coisas pertencentes a diversos donos. 4 Dir Modo de extinção da obrigação pela reunião, na mesma pessoa, das qualidades de devedor e credor relativamente à mesma coisa ou obrigação. 5 Falta de ordem ou de método. 6 Tumulto, revolta, barulho. 7 Estado do que encontra dificuldade em discernir. 8 Falta de clareza. 9 Embaraço, causado pela vergonha de alguma falta. 10 Perplexidade. Antônimos (acepções 2, 7, 8 e 10): clareza; (acepções 5 e 6): ordem. C. das línguas: impossibilidade em que, segundo a Bíblia, se acharam os operários da torre de Babel, de se entenderem mutuamente. C. de poderes: estado de um governo em que os poderes estão mal limitados ou se impedem uns aos outros. C. mental, Psiq: estado mental caracterizado pela mistura de ideias, a qual conduz à perturbação do entendimento e consequente perplexidade (grifo nosso).

Dentre as acepções da palavra “confusão”, a que melhor descreve a condição da queda é a dificuldade de discernir, ou melhor, a incapacidade de discernir as verdades espirituais, o que está em consonância com 1 Coríntios 2:14, no sentido de que o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente.
O homem em seu estado natural de queda, portanto, é incapaz de discernir as verdades espirituais, inclusive a verdade fundamental a respeito de sua identidade, criado à imagem e semelhança de Deus para conhecê-lo e desfrutar de íntima comunhão com Ele e do Seu amor incondicional e, por via de consequência, devido à separação de Deus, sofre de uma “solidão primal”, um vazio infinito que só pode ser preenchido pela presença de Deus e, para compensar e reparar este vazio e solidão, ele passa a se distorcer e se contorcer em direção as coisas criadas para das mesmas extrair sua identidade e, assim, a iniquidade da idolatria vai se formando no coração humano, o que, em essência, nada mais é do que amar a si mesmo usando pessoas e coisas como meio, o que gera um “eu” falso e usurpador da verdadeira vida de Deus, um “eu” fragmentado, partido e separado de Deus e faminto da necessidade insaciável de se autoafirmar para existir. Neste sentido, as palavras de Leanne Payne:

“Nascemos incapazes. Logo que somos plenamente conscientes descobrimos a solidão”, escreveu C. S. Lewis. Nascidos solitários, tentamos nos encaixar, ser o tipo de gente que faça as outras pessoas gostarem de nós. Devido a essa carência e extrema necessidade de afirmação dos outros, acabamos nos comprometendo – usando qualquer máscara, ou muitas máscaras; fazemos até coisas que não gostamos buscando sermos aceitos. Entortamo-nos (usando outra imagem de Lewis), contorcemo-nos, em direção à criatura, tentando encontrar a nossa identidade nela. Devagar e compulsivamente, o falso “eu” fecha a sua concha dura e quebradiça ao nosso redor, e o que nos resta é nossa solidão (Imagens partidas. São Paulo: Sepal, 2001, p. 151).

Deus nos criou com uma série de necessidades naturais a ser satisfeitas para o nosso “bom funcionamento”, tais como alimentação, segurança, proteção, pertencimento, amor, autoestima, realização pessoal, de sentir que há um propósito para nossas vidas. De acordo com Mark e Debra Laaser, todo ser humano tem sete desejos, que são básicos e universais, quais sejam o desejo de ser ouvido e ser entendido, de ser afirmado, de ser abençoado, de estar seguro, de ser tocado, de ser escolhido, e de ser incluído e, é no preenchimento e na satisfação destas necessidades, que o ser humano valida sua própria existência e pode desfrutar relacionamentos profundos e ricos com Deus e com as pessoas (The seven desires of every heart. Grand Rapids: Zondervan, 2004, p. 13).
Essas são necessidades naturais, dadas por Deus, integrantes da nossa estrutura como seres humanos e o nosso estado de queda não mudou o fato de que necessitamos preenchê-las para conferir significação para as nossas vidas; são partes componentes da nossa identidade, contudo, em razão da queda e do nosso coração corrupto pelo pecado (Jr 17), procuramos a satisfação de tais necessidades nas coisas criadas e nas pessoas (Rm 1:25), rejeitando o preenchimento das mesmas em Deus e é ai que o inimigo entra.

13 Ninguém, ao ser tentado, diga: Sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e ele mesmo a ninguém tenta. 14 Ao contrário, cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz. 15 Então, a cobiça, depois de haver concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte (Tiago 1:13-15 – ARA).

Conforme já exposto acima, em toda tentação, o inimigo lança sobre nós o engano de identidade, dizendo: “falta algo em você e você precisa fazer algo a respeito para suprir essa necessidade”. Como disse Thomas Merton: “Nossas vidas são formatadas pelas coisas que desejamos” e, assim, o inimigo nos leva, através do engano de identidade, a satisfazer nossas necessidades básicas e universais de forma pecaminosa, construindo uma vida marcada pela separação de Deus e pela idolatria.
Essas necessidades fundamentais devem ser supridas em primeiro lugar na família; ela é a grande modeladora da nossa identidade e, por isso, o diabo não tem poupado esforços para desestruturá-la e destruí-la a fim de que a descendência gerada saia toda deformada emocionalmente. É através dos nossos pais e figuras de autoridade em nossas vidas que a nossa identidade vai sendo construída ao longo da infância e adolescência e o alvo é que essas pessoas saibam passar-nos aceitação, compreensão, afeto, segurança, benção, direção, afirmação e valor como pessoas, de modo que a nossa estrutura emocional seja plenamente desenvolvida e saiamos do egoísmo infantil para uma vida adulta madura de relacionamentos com o próximo e com Deus.
Com a desestruturação da família seja na forma de infidelidade, divórcios, abusos físicos, emocionais e sexuais, traumas ou abandono emocional, o inimigo constrói a iniquidade da rejeição no indivíduo, isto é, a descendência fica prejudicada por não ter conseguido atingir o preenchimento dessas necessidades fundamentais componentes da identidade pessoal, tendo como resultado de todo esse quadro o surgimento de indivíduos que, apesar de cronologicamente adultos, são emocionalmente crianças, egoístas, autocentradas, querendo ser o centro das atenções e querendo que todas as suas necessidades sejam satisfeitas imediatamente, já que este é o mundo da criança e tais indivíduos não tiveram a sua identidade liberada para agir e interagir como seres dotados de autonomia para crescer, multiplicar, intervir no meio ambiente e transformá-lo e realizarem-se como pessoas.
Na fase da adolescência, tais desejos fundamentais são sexualizados e o indivíduo carente passa a buscar sua satisfação através das práticas sexuais; procura-se através da relação sexual e dos comportamentos sexuais (pornografia, masturbação, fetiches, exibicionismo, etc.) atingir essas necessidades de afirmação, afeto, segurança, identidade como uma forma de “compensar”, “reparar” a dor psíquica da rejeição, já que o sexo é a forma mais profunda de interação e intimidade entre as pessoas. É por isso que, na mesma proporção em que a família é degenerada, crescem os índices de perversões e vícios sexuais. Essa “fome emocional” transforma o indivíduo em um “canibal emocional”; o indivíduo quer se “alimentar” do que o outro tem, buscando no outro a sua identidade e valor como pessoa, vendo no parceiro e nas práticas sexuais uma forma de completar aquilo que perdeu, isto é, sua identidade, que, aos seus olhos, é rejeitada e inferior, transformando, assim, o parceiro e as práticas sexuais em um verdadeiro ídolo ao qual o indivíduo investe “adoração”, tempo, recursos, intimidade e nutrindo com ele uma relação de dependência emocional.
A mesma dinâmica do vício sexual se aplica ao vício em trabalho, vício de comprar, vício em atividade física, vício em drogas e substâncias entorpecentes, entre outros; todos são formas de compensação da dor causada pela perda da identidade e que mantém a pessoa em dependência emocional quanto à busca de satisfação das necessidades emocionais básicas.
Tão somente pelo fato da queda original e da consequente separação de Deus por causa do pecado, o ser humano sofre de uma “solidão primal”, um vazio que tenta preencher através das coisas criadas e das pessoas, por isso não há ser humano na face da Terra que não necessite ser curado de uma forma doentia de amor. Contudo, essa “solidão primal” agrava-se quando as necessidades fundamentais do ser humano não são preenchidas através da família, pais, figuras de autoridade, transformando-se em um verdadeiro cativeiro emocional que empurra a pessoa para todo tipo de satisfação egoísta, paixões e perversões e, o pior de tudo isso, é que o indivíduo espiritual e emocionalmente enfermo vai reproduzindo as feridas que recebeu em sua descendência, ou seja, ele fere com a mesma arma que foi ferido e, assim, a rejeição, as amarguras de alma e os vícios vão passando de pai para filho. 
Pode-se, portanto, entender quão mortífero é o engano de identidade. O inimigo vem com suas sugestões malignas, pervertendo nossos desejos básicos de identidade e destino a fim de que os preenchamos de forma pecaminosa e imprópria e, assim, ele vai distorcendo a nossa personalidade com o pecado e a iniquidade, com a construção das fortalezas da mente. A sugestão satânica: “falta algo em você e você precisa fazer algo a respeito para suprir essa necessidade” é altamente nociva e, para um indivíduo emocionalmente carente, é mortal, já que acredita e recebe como “verdade” o fato de ser despido de valor e propósito de vida e transforma-se em escravo dos seus próprios desejos e emoções vivendo em função de satisfazê-los. E para manter o indivíduo preso no cativeiro, o inimigo continua a dizer: “você não pode viver sem isso”, “você não pode viver sem fulano”.
Diante do exposto, reflita e peça ao Espírito Santo para lhe revelar a verdade: naquelas áreas em que você é frequentemente tentado e cai, quais os desejos que o diabo está querendo perverter? O que o inimigo tem insinuado que falta em você relativamente as necessidades fundamentais de ser ouvido e ser entendido, de ser afirmado, de ser abençoado, de estar seguro, de ser tocado, de ser escolhido, e de ser incluído?
Identificar a mentira é o primeiro passo para a restauração.


Pablo Luiz Rodrigues Ferreira
rugidodaverdade.blogspot.com


Excerto retirado do texto de minha autoria UM NOVO IMAGINÁRIO, UMA NOVA MENTALIDADE: REFLEXÕES SOBRE OS FUNDAMENTOS BÍBLICOS DA RENOVAÇÃO DA MENTE, a ser postado futuramente no blog rugidodaverdade.blogspot.com 

domingo, 19 de agosto de 2012

A FORTALEZA ESPIRITUAL DO ENGANO DE IDENTIDADE E O PROCESSO DE TENTAÇÃO: O EXEMPLO DE EVA E A TENTAÇÃO DE JESUS NO DESERTO, BEM COMO A ANÁLISE DO SOFISMA DO ATIVISMO RELIGIOSO




            A grande verdade a nosso respeito é que fomos criados à imagem e semelhança de Deus (Gn 1:27) com a finalidade de conhecê-lo; criados perfeitos e plenos em Deus para viver em uma união íntima com Ele, extraindo dEle nossa fonte de identidade e destino.
            Entretanto, no Éden, a crise de identidade começou com a queda do homem. Na tentação de Eva, o diabo (a serpente) introduziu o engano da identidade:

Então, a serpente disse à mulher: É certo que não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se vos abrirão os olhos e, como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal (Gênesis 3:4-5 – ARA, grifos nossos).
           
            A serpente disse a Eva que faltava algo nela, o conhecimento do bem e do mal, e que, de posse de tal conhecimento, ela seria como Deus, isto é, a serpente estava insinuando que Eva não era igual a Deus e que ela deveria fazer algo a respeito para reparar, para superar sua “incompletude” e “imperfeição”. O inimigo teve de mexer na identidade de Eva para fazê-la pecar, já que ela foi criada pura, santa e sem pecado, com um coração disposto somente para obedecer a Deus e fazer o bem e, se o pecado se apresentasse como tal, ela simplesmente recusaria a cometê-lo. Contudo, Eva recebeu em seu coração o engano de identidade, acreditou que era “imperfeita”, “incompleta”, acreditou que não era como Deus, acreditou que lhe faltava algo e que precisava fazer algo a respeito.
            Por que o que serpente falou a Eva era mentira ou uma “meia verdade”, se você preferir?
            Porque Adão e Eva eram como Deus, criados à sua imagem e semelhança e, como Deus, eles eram santos, puros, sem pecado; perfeitos em suas faculdades mentais; plenos em seu aspecto relacional com Deus, consigo mesmos, com o próximo e com o meio ambiente em que viviam, com a capacidade de conhecer a si mesmos em seu valor como pessoa, o qual derivava de Deus, sem necessidade de buscar fora de si algo para servir de significante de suas identidades, podendo, sem qualquer vergonha, relacionar-se com o próximo em estado de “nudez”, transparência, dando-se a conhecer exatamente como eram, sem barreiras, sem máscaras, expressando seu ser desembaraçadamente, sem medo de qualquer rejeição; semelhantemente a Deus, exerciam domínio sobre as coisas criadas, intervindo no meio ambiente em que viviam, interagindo com o mesmo de forma equilibrada, lançando mão do exercício de sua faculdade criativa (criatividade) e, assim, transformando a natureza, de modo a dela usufruir para seu bem-estar.
            Se há um pecado que o crente tem de se preocupar é o da incredulidade; esta trouxe graves consequências, as quais nós colhemos como fruto maldito até os dias de hoje e que pode nos impedir de entrar no descanso com Deus neste mundo e no porvir.
            De semelhante modo, o inimigo agiu com Jesus durante a tentação no deserto, conforme vemos em Mateus 4:1-11:

1 A seguir, foi Jesus levado pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo. 2 E, depois de jejuar quarenta dias e quarenta noites, teve fome. 3 Então, o tentador, aproximando-se, lhe disse: Se és Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães. 4 Jesus, porém, respondeu: Está escrito: Não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus. 5 Então, o diabo o levou à Cidade Santa, colocou-o sobre o pináculo do templo 6 e lhe disse: Se és Filho de Deus, atira-te abaixo, porque está escrito: Aos seus anjos ordenará a teu respeito que te guardem; e: Eles te susterão nas suas mãos, para não tropeçares nalguma pedra. 7 Respondeu-lhe Jesus: Também está escrito: Não tentarás o Senhor, teu Deus. 8 Levou-o ainda o diabo a um monte muito alto, mostrou-lhe todos os reinos do mundo e a glória deles 9 e lhe disse: Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares. 10 Então, Jesus lhe ordenou: Retira-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás, e só a ele darás culto. 11 Com isto, o deixou o diabo, e eis que vieram anjos e o serviram (ARA, grifos nossos).
           
            O inimigo lançou um engano de identidade sobre Jesus com a expressão “se és filho de Deus”, tentando forçá-lo a fazer algo a respeito para provar tal condição e, assim, fazê-lo pecar com “a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida” (1 Jo 2:16 – ARA), ou, como diz a Bíblia na Linguagem de Hoje, com “os maus desejos da natureza humana, a vontade de ter o que agrada aos olhos e o orgulho pelas coisas da vida”.
            Da mesma forma como o diabo tentou Eva e Jesus, ele nos tenta, introduzindo o engano de identidade, dizendo: “falta algo em você e você precisa fazer algo a respeito para suprir essa necessidade” (obs: estas ideias a respeito da tentação de Eva e Jesus e da dinâmica da tentação, recebi do irmão Willy Torresin em uma de suas pregações na Conferência SER, realizada em Belém/PA, nos dias 28 de junho a 01 de julho de 2012, pelo Ministério SER – Sexualidade e Restauração).
Aliás, esta é a essência do ativismo religioso, a de que nos falta a aceitação e a aprovação de Deus e que precisamos fazer obras a fim de que Ele nos conceda a benção; assim, satanás perverte nosso relacionamento com Deus em um sistema de barganha. Um relacionamento que deveria se basear na pura graça, no favor imerecido de Deus, passa a se desenvolver em um nível em que oferecemos a Deus “obras” para nos autojustificar e autosantificar, o que, no fundo, não passa de uma religião falsa de méritos, de legalismo, de uma tirania de deveres e obrigações e que, ao invés de oferecer uma identidade dotada de estabilidade e baseada no imutável do amor de Deus, que nos adotou como filhos seus, fundamenta-se no desempenho e na variabilidade das circunstâncias, concedendo-nos uma segurança de identidade vazia, já que esta dependeria do êxito pessoal, o qual nem sempre é atingido, gerando um ciclo crescente de sentimentos de culpa, insegurança, inadequação, frustração e mantendo a pessoa cativa em padrões de aceitação inatingíveis. A pessoa, portanto, não se torna liberada para ser filho de Deus e “ser humano”, mas se encontra cativa como um prisioneiro para se reduzir tão somente a um “fazer humano”. O inimigo faz as seguintes insinuações, pervertendo as disciplinas cristãs mais comuns da vida cristã e utilizando-se até da mecânica do sistema religioso: “olha, você não leu a Bíblia o suficiente, você não orou o suficiente, não foi para aquele evento da igreja, não participou de vigílias, não está jejuando o suficiente, você precisa fazer algo a respeito, empenhar-se mais para que seja aceito diante de Deus”, “você não participa de nenhum ministério, não é líder de célula, você não tem discípulos o suficiente, você não é frutífero e a árvore que não dá fruto será lançada fora e Deus cobrará o sangue dos perdidos da sua cabeça, você precisa fazer algo a respeito para ser um obreiro aprovado diante de Deus”.  
            Onde está o sofisma do inimigo no ativismo religioso?
            Primeiramente, porque somos salvos pela graça mediante a fé (Ef 2:8) e não pelas obras das nossas mãos (Rm 11:6), até mesmo porque a nossa justiça aos olhos de Deus é como trapo de imundície (Is 64:6). As obras que fazemos têm de ser fruto, evidência de uma fé salvadora; são consequência da fé e da salvação em Cristo e não a sua causa; evidenciam de forma externa a graça recebida internamente no coração do homem, a transformação do nosso caráter à semelhança de Cristo.
Se a nossa identidade depender das obras que realizamos, no dia em que não pudermos fazê-las, sentir-nos-emos as piores criaturas da face da Terra diante de Deus; a prisão das obras como fonte de identidade é como uma boca que nunca para de comer, sempre faminta e insaciável e que, em casos extremos, leva-nos ao esgotamento espiritual, físico e emocional, até mesmo porque, por mais obras que façamos, nunca resolveremos o problema do pecado, seja o nosso, seja o do nosso irmão em Cristo, seja o pecado dos perdidos.
Obras humanas não se constituem na solução para o pecado; a questão do pecado do mundo não é um problema nosso, não está ao nosso alcance resolvê-lo, mas é uma questão que Deus, de forma soberana, administra por sua graça, aceitando os méritos da obra que Cristo realizou morrendo na cruz, imputando a justiça que vem dEle em nós os que cremos; Deus nos usa tão somente como canais de sua graça para alcançar os perdidos, mas nós nunca fomos e nunca seremos a solução da morte espiritual deles; os perdidos que habitarão o inferno pela eternidade não estarão lá porque não fizemos o suficiente para os alcançar, mas por causa do pecado; a única solução para o pecado sempre foi e sempre será o sangue do cordeiro morto antes da fundação do mundo (Ap 13:8). Deus é soberano e nada, nem ninguém, frustrará qualquer um de seus desígnios e propósitos; tudo o que Ele determinou, assim se cumprirá e nenhum de seus eleitos será arrebatado de sua mão.
O nosso papel a cada dia é desfrutar de um relacionamento íntimo e sincero com nosso Pai Celestial, desfrutando de uma identidade segura que provém de nossa condição de filhos, rogando para que Ele nos mostre o que quer de nós em termos de serviço; Deus nos criou com um propósito e nos reservou para um ministério para que manifestemos a sua multiforme graça nesse mundo. Deus, sem dúvida, quer nos usar e devemos orar para que Ele nos conduza ao centro da vontade dEle e vigiar para que as obras que fazemos não calem a nossa adoração e não nos roubem o tempo de refrigério, crescimento e cura na presença do Pai.
Outro engano do ativismo religioso é a confusão “infantil” entre aceitação e aprovação. O inimigo distorce os dois conceitos como se fosse um só, causando extrema confusão na mente das pessoas. A aceitação diz respeito à nossa identidade, à nossa condição diante de Deus e, como já exposto acima, esta é baseada na graça mediante a fé, a qual nos torna filhos de Deus, não se referindo, por via de consequência, ao nosso comportamento e às nossas obras, conforme encontramos em João 1:12-13: “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus” (ARA). Por outro lado, aprovação diz respeito ao nosso comportamento e às nossas obras e, neste nível, como filhos, Deus trata o nosso caráter a fim de seja gerado em nós a imagem e semelhança de Cristo; somos submetidos a uma série de provações para que, nelas aprovados, possamos desenvolver o fruto do Espírito e a perseverança como santos, cooperando com Deus naquilo que Ele estabeleceu para nós como propósito de vida e ministério e sendo despenseiros, canais de sua multiforme graça (1 Pe 4:10).
Podemos até ter sido reprovados em uma provação por não ter conseguido alcançar o que Deus queria tratar em uma determinada área de nossa vida ou mesmo ter caído em algum pecado contra o qual estamos em frequente luta para obter cura, mas isso não muda o fato de que Deus nos ama e nos aceita incondicionalmente por sua graça.
A aceitação diz respeito, portanto, à dimensão de nossa justificação diante de Deus e a aprovação ou reprovação diz respeito ao nosso processo de santificação. Devemos possuir estes conceitos bem arrumados em nossas mentes e corações para não cair em confusão todas as vezes que estivermos sendo provados ou mesmo tentados e, porventura, acabar achando que Deus está nos rejeitando com a disciplina aplicada, até mesmo porque o Senhor disciplina a quem ama a fim de produzir em nós a santidade, conforme se depreende de Hebreus 12:

4 Ora, na vossa luta contra o pecado, ainda não tendes resistido até ao sangue 5 e estais esquecidos da exortação que, como a filhos, discorre convosco: Filho meu, não menosprezes a correção que vem do Senhor, nem desmaies quando por ele és reprovado; 6 porque o Senhor corrige a quem ama e açoita a todo filho a quem recebe. 7 É para disciplina que perseverais (Deus vos trata como filhos); pois que filho há que o pai não corrige? 8 Mas, se estais sem correção, de que todos se têm tornado participantes, logo, sois bastardos e não filhos. 9 Além disso, tínhamos os nossos pais segundo a carne, que nos corrigiam, e os respeitávamos; não havemos de estar em muito maior submissão ao Pai espiritual e, então, viveremos? 10 Pois eles nos corrigiam por pouco tempo, segundo melhor lhes parecia; Deus, porém, nos disciplina para aproveitamento, a fim de sermos participantes da sua santidade. 11 Toda disciplina, com efeito, no momento não parece ser motivo de alegria, mas de tristeza; ao depois, entretanto, produz fruto pacífico aos que têm sido por ela exercitados, fruto de justiça (ARA, grifos nossos).

A cada dia que passa, percebe-se a dificuldade que é admoestar e corrigir uma pessoa, o que tem suas raízes, em grande parte, na formação e criação familiar, em que os pais não sabem educar seus filhos de forma que eles percebam que a finalidade da disciplina é corrigir o mau comportamento e não a rejeição da sua identidade como filhos. Os pais têm o papel fundamental na disciplina em mostrar aos filhos que o comportamento está errado, mas que eles serão sempre amados e aceitos como filhos, independentemente de sua conduta ou méritos pessoais. Isto só pode ser obtido com equilíbrio na disciplina por pais que tenham estabilidade emocional e saibam combinar a repreensão e as várias linguagens de expressão do amor: as palavras de afirmação, dizendo o quanto os filhos são amados e preciosos, mantendo com eles um canal sempre aberto de comunicação, o toque físico (os abraços, beijos, etc.), o tempo de qualidade (passeios, brincadeiras), os presentes, o serviço em favor dos filhos.
A realidade atual, contudo, é outra, qual seja a de degradação da família. Os pais não mais enxergam a tarefa de educar seus filhos como um nobre ministério desenvolvido por amor a Deus, tratando-os como a sua herança. Para muitos, ter filhos é como um fardo que não vale a pena o tempo gasto e os pais de hoje não gozam de uma boa estabilidade emocional para educar, nem tampouco tomam posse da verdade bíblica que liberta, e os filhos acabam sendo fruto de palavras ditas e “malditas”, vítimas de abusos físicos, emocionais e sexuais, abandono sentimental, divórcios, infidelidade, insegurança, o que só reforça o jugo de rejeição e um estigma de ser um “órfão de pais vivos”, de forma que as pessoas se tornam inaptas a ser corrigidas, já que interpretam qualquer correção ou crítica como uma forma de rejeição, transferindo essas memórias dolorosas de vida familiar para os seus relacionamentos com Deus e com o próximo, tendo tais relacionamentos prejudicados pela insegurança, pela amargura de alma, pelo medo de ser rejeitado e, por isso, acabam por desenvolver uma personalidade insegura, fazendo de tudo, até mesmo de forma pecaminosa, para conquistar a aprovação dos outros e de Deus e reagindo de forma completamente desproporcional e irracional a toda forma de correção ministrada para lhes edificar.
O inimigo implanta a seguinte fórmula de confusão:

Aprovação significa aceitação. Desaprovação significa não aceitação ou rejeição. Então aprovação significa, “eu sou amado e aceito”. Desaprovação significa, “eu não sou amado, mas rejeitado” (SEAMANDS, David A. Putting away childish things. In: Healing your heart of painful emotions. New York: Inspirational Press, 1993, p. 196).    

Caro leitor, sonde-se e responda para si mesmo, rogando ao Espírito Santo de Deus que lhe mostre a verdade: até que ponto sua identidade depende da graça de Deus? Até que ponto seu relacionamento com as pessoas e com Deus depende do seu desempenho e mérito pessoais? Na hora da provação, da correção ou da crítica, você se sente rejeitado, tentando se justificar veementemente ou recebe a disciplina como algo da parte de Deus para o seu bem?        

Pablo Luiz Rodrigues Ferreira
rugidodaverdade.blogspot.com


Excerto retirado do texto de minha autoria UM NOVO IMAGINÁRIO, UMA NOVA MENTALIDADE: REFLEXÕES SOBRE OS FUNDAMENTOS BÍBLICOS DA RENOVAÇÃO DA MENTE, a ser postado futuramente no blog rugidodaverdade.blogspot.com   

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

DERRUBANDO AS ESTRUTURAS ANTIGAS PARA CONSTRUIR O NOVO: UMA EXPOSIÇÃO ACERCA DO CONCEITO DE “FORTALEZA ESPIRITUAL”




            Apesar da linda realidade da redenção e transformação disponível a todo cristão pela atuação do Espírito Santo, é só olharmos ao nosso redor para perceber que a cristandade que nos cerca está muito aquém deste padrão. Nunca se viu uma geração tão decaída e com o caráter tão distorcido como nos dias de hoje, a ponto de constatarmos a realidade exposta em Mateus 24:12: “E, por se multiplicar a iniquidade, o amor se esfriará de quase todos” (ARA).
            Por que, apesar de termos herdado a vida que vem do Espírito Santo, não temos a mente de Cristo?
            É porque não renovamos a nossa mente, não deixamos de tomar a forma do mundo, enfim, porque não nos dispusemos a destruir o que chamo de “fortalezas espirituais” ou “fortalezas da mente”, que nos mantêm cativos aos padrões da iniquidade e do pecado.  
Em virtude da queda do homem no Éden, o pecado entrou no mundo e corrompeu todo o ser do homem e seu coração (Jr 17), danificando as suas emoções e deformando a sua mente com todo tipo de padrão distorcido e injusto de comportamento em relação ao padrão que Deus estabeleceu em sua Palavra, tais padrões distorcidos de mente são o que se chama de “fortalezas espirituais” ou “fortalezas da mente”, isto é, padrões de desobediência a Palavra de Deus, padrões de orgulho (altivez), que levam o homem a levar a sua vida independente de Deus (justiça própria e autossuficiência), bem como os sofismas, os quais são padrões de engano e mentiras espirituais que estão enraizados na mente do homem e determinam a sua ação moral, conforme se depreende de 2 Coríntios 10:4-6:

Porque as armas da nossa milícia não são carnais, e sim poderosas em Deus, para destruir fortalezas, anulando nós sofismas e toda a altivez que se levante contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo, e estando prontos para punir toda desobediência, uma vez completa a vossa submissão (ARA) (grifo nosso).
           
As “fortalezas espirituais” ou “fortalezas da mente” são padrões enraizados em nossas mentes e que se opõem ao verdadeiro conhecimento de Deus; são padrões que adquirimos convivendo com os “três gigantes” mais difíceis de ser derrotados, quais sejam o diabo, o mundo e a carne, o que bem se pode depreender da leitura de Tiago 3:13-15:

Quem dentre vós é sábio e entendido? Mostre pelo seu bom procedimento as suas obras em mansidão de sabedoria. Mas, se tendes amargo ciúme e sentimento faccioso em vosso coração, não vos glorieis, nem mintais contra a verdade. Essa não é a sabedoria que vem do alto, mas é terrena, animal e diabólica (ARC – grifo nosso).

            Leitor, não se engane! Todos os nossos comportamentos que não condizem com a verdade da Palavra de Deus são frutos do cultivo de mentiras forjadas contra a Verdade; são aquelas mentiras que recebemos como “verdade” e que formam uma sabedoria que é terrena, animal e demoníaca, até mesmo porque, conforme as Escrituras nos esclarecem, o diabo é o pai da mentira:

Vós tendes por pai o Diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai; ele é homicida desde o princípio, e nunca se firmou na verdade, porque nele não há verdade; quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio; porque é mentiroso, e pai da mentira (Jo 8:44 - ARC).

            Consoante às palavras proferidas pelo próprio Jesus, nosso inimigo é homicida desde o início e ele usa a mentira como arma para roubar, matar e destruir tudo aquilo que temos de melhor, mantendo a nossa mente cativa a todo tipo de engano do pecado com a finalidade de nos desfigurar e eliminar, embrutecendo o coração do homem de tal forma que ele perca a sua condição de ser criado à imagem e semelhança de Deus.
Tendo um adversário homicida como este, renovar a mente e lutar a batalha da fé, portanto, não é uma mera opção de nossa ou uma sugestão que podemos seguir, mas uma absoluta necessidade, sob pena de, se assim não procedermos, a derrota ser certa e a nossa ruína inevitável. Neste sentido, trago à colação as palavras da irmã Basilea Schlink:

Tenho um inimigo que está sempre nos meus calcanhares, pronto a atacar-me e vencer-me. Ele quer ter-me como presa sua. Se o inimigo não está apenas me ameaçando mas já começou a lutar, estarei em perdido, se não me armar e entrar no campo de batalha. Daí que, enfrentar a batalha da fé ou deixar de fazê-lo, não é questão deixada ao nosso capricho, e, sim, de absoluta necessidade. De outro modo, estamos irremediavelmente perdidos. Não podemos adotar uma atitude passiva e não fazer nada, a menos que, naturalmente, não nos incomodemos de ser presa do inimigo (Nunca mais serás o mesmo. 4 ed. Venda Nova: Betânia, 1988, p. 12). 

            Dentro desta ordem de ideias, uma parte fundamental do nosso processo de renovação da mente é identificar as mentiras, os falsos conceitos que dizemos para nós mesmos em nosso diálogo íntimo, identificar, portanto, as “fortalezas da mente”, renunciá-las e substituí-las pelas verdades da Palavra de Deus, aplicando-as em nossas vidas com novas atitudes baseadas nos conceitos verdadeiros, uma vez que “modifiquem-se os fatos em que o homem crê, e assim serão modificados seus sentimentos e conduta” (cf. BACKUS, William; CHAPIAN, Marie. Fale a Verdade Consigo Mesmo. 2 ed. Venda Nova: Betânia, 2000, p. 28).
            Por exemplo, uma pessoa que se autodeprecia (complexo de inferioridade) tende a ter sentimentos de incapacidade, desvalor em relação a si mesma, solidão, tristeza profunda, isolamento, magoa-se com facilidade, interpreta as críticas como uma rejeição a si, etc.; tais sentimentos negativos não serão curados a menos que a pessoa, além de restaurar seus relacionamentos partidos com a liberação de perdão, disponha-se a identificar os falsos conceitos que recebeu como “verdade” em seu coração e que geram a autodepreciação, rejeitando-os e substituindo-os pela verdade da Palavra de Deus com atitudes concretas, uma vez que somente quando aplicamos a verdade em fé, em operação com o poder da experiência é que verdadeiramente poderemos ser transformados pelo Espírito Santo.
            Em 2 Coríntios 10:5, acima transcrito, a versão Almeida Revista e Atualizada da Bíblia usa a expressão “sofisma” como um tipo de fortaleza espiritual a ser destruída. O dicionário Michaelis define sofisma nos seguintes termos: “(do grego sóphisma) 1 (da Lógica) Raciocínio capcioso, feito com intenção de enganar. 2 Argumento ou raciocínio falso, com alguma aparência de verdade. 3 (popular) Dolo, engano, logro”. É justamente com os sofismas que o inimigo contamina a mente das pessoas, comunicando mentiras que tem o poder de deixar a mente das pessoas presas, cativas aos padrões do pecado e da iniquidade. Os sofismas são aquelas mentiras que recebemos como “verdade”, aquelas mentiras forjadas com a intenção de enganar e só conseguem seu intento porque tem a aparência de verdade; se os sofismas não tivessem a aparência de verdade, não teriam o poder de enganar e uma mente atolada de sofismas se orientará por eles, reproduzindo comportamentos e emoções desviadas da verdade, iníquas, pecaminosas e doentes.
            Um resultado do engano dos sofismas é uma mente presa aos padrões da iniquidade, ao orgulho, à altivez, à justiça própria, à falta de perdão e aos sentimentos negativos que retiram da alma a alegria de viver. Aliás, a face macabra dos sofismas é o terrível ciclo vicioso que causam: eles contaminam a mente com mentiras, causando comportamentos e emoções deformadas, os quais produzem essa aparência de verdade; por exemplo, uma pessoa que se sente rejeitada poderá pensar: “eu sou rejeitado, não valho nada, não sirvo para nada”; uma pessoa viciada em drogas, álcool, sexo poderá dizer para si mesma: “eu não posso, não consigo viver sem isso”; uma pessoa que não tem uma boa autoestima e procura seu senso de valor em outra pessoa poderá dizer: “eu não posso, não consigo viver sem fulano”, alimentando um ciclo de dependência emocional e de falta de domínio próprio; uma pessoa que fracassou várias vezes poderá dizer: “eu sou um fracasso, nada do que faço dá certo” e viver atormentada pelo medo de fracassar e, frequentemente, não obterá êxito nas coisas que fizer e terá medo de tentar coisas novas porque se sente incapaz de concretizá-las; uma pessoa que foi traída em um relacionamento significativo poderá nutrir em sua mente: “não posso, não consigo confiar em ninguém, todos são iguais e igualmente me trairão e me usarão”, realimentando a amargura e a incredulidade em relação aos relacionamentos, entre outros. O que se tem de comum em relação aos falsos conceitos acima descritos? Eles mantêm a pessoa em cárcere emocional, travando a sua mente e servindo de base para os seus relacionamentos, os quais com certeza não serão saudáveis, não só em relação aos outros, como também em relação a si mesma. Não é a toa que Os Guinness diz: “O estoque do diabo no mercado é um mundo de meias verdades e meias mentiras onde a meia mentira mascara-se como a completa verdade” (apud SEAMANDS, David A. Putting away childish things. In: Healing your heart of painful emotions. New York: Inspirational Press, 1993, p. 188).
            Diante do exposto, um dos passos fundamentais do nosso crescimento espiritual é justamente derrubar estas mentiras, substituindo-as pelas verdades contidas na Palavra de Deus a nosso respeito. Não poderemos construir algo novo em nossas vidas com os velhos alicerces e as paredes feitas com os tijolos e o reboco do inferno intactos e, se não os destruirmos, certamente eles nos destruirão ou, então, manterão a nossa vida em um patamar muito aquém daquilo que Deus deseja para nós, que é uma vida abundante.    

Pablo Luiz Rodrigues Ferreira
rugidodaverdade.blogspot.com

Excerto retirado do texto de minha autoria UM NOVO IMAGINÁRIO, UMA NOVA MENTALIDADE: REFLEXÕES SOBRE OS FUNDAMENTOS BÍBLICOS DA RENOVAÇÃO DA MENTE, a ser postado futuramente no blog rugidodaverdade.blogspot.com