O texto de 1 Coríntios 2:15 diz que
recebemos do Espírito Santo a “mente de
Cristo”, sendo que a primeira leitura que podemos fazer do significado de
ter a mente de Cristo é o desenvolvimento do fruto do Espírito através do
relacionamento com Deus, sendo, portanto, transformados à sua imagem e
semelhança, conforme se depreende de Gálatas 5:22-25:
22
Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade,
bondade, fidelidade, 23 mansidão, domínio próprio. Contra estas coisas não há
lei. 24 E os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne, com as suas paixões
e concupiscências. 25 Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito (ARA).
Outro aspecto de ter a mente de Cristo é o
constante em Isaías 11:1-5
1
Do tronco de Jessé sairá um rebento, e das suas raízes, um renovo. 2 Repousará
sobre ele o Espírito do SENHOR, o Espírito de sabedoria e de entendimento, o
Espírito de conselho e de fortaleza, o Espírito de conhecimento e de temor do
SENHOR. 3 Deleitar-se-á no temor do SENHOR; não julgará segundo a vista dos
seus olhos, nem repreenderá segundo o ouvir dos seus ouvidos; 4 mas julgará com
justiça os pobres e decidirá com equidade a favor dos mansos da terra; ferirá a
terra com a vara de sua boca e com o sopro dos seus lábios matará o perverso. 5
A justiça será o cinto dos seus lombos, e a fidelidade, o cinto dos seus rins
(ARA).
Este é um texto profético que fala a
respeito de Jesus e das qualidades espirituais de sua mente, as quais podem ser
“transpostas” para nós no relacionamento com o Espírito Santo dentro do nosso
processo de santificação e intimidade com Deus, recebendo dEle, pois,
sabedoria, entendimento, fortaleza, conselho, temor, bem como uma capacitação
do Espírito para discernir além dos nossos olhos e ouvidos naturais (ver 1 Co
12 acerca dos dons espirituais).
A Bíblia é repleta de exemplos deste tipo
de “transposição”, tal como Bezalel e os construtores do tabernáculo, homens
que o Senhor encheu com seu Espírito, dando-lhes inteligência e conhecimento
para trabalhar com toda a espécie de técnica de construção, costura, lapidação,
etc. (Ex 35:31-35); José a quem o Senhor deu o entendimento dos sonhos e
sabedoria para ser governador do Egito (Gn 40:8, 41:16); Daniel, a quem o
Senhor encheu com um espírito excelente, conhecimento e inteligência,
interpretação de sonhos, declaração de enigmas e solução de casos difíceis (Dn
1:17, 5:12); Zorobabel (Zc 4:6-10); Salomão e a sabedoria sobrenatural que o
Espírito de Deus concedeu- lhe (1 Rs 3); Estêvão (At 6); os apóstolos (At 2);
mostrando a verdade que Deus sempre capacita com o seu Espírito aqueles a quem
chama com o propósito de edificar os seus santos, isto é, o corpo de Cristo, a
sua igreja, a fim de que seus eleitos possam conhecer o Senhor cada vez mais,
sendo transformados, conforme já dito, à imagem e semelhança de Cristo.
Na nossa união com Deus através do Espírito
Santo, abre-se uma nova possibilidade de bem, mas também se abre uma nova
possibilidade de mal, conforme os dizeres de C. S. Lewis:
Porque
o sobrenatural, entrando em uma alma humana, abre a ela novas possibilidades
ambas de bem ou de mal. Deste ponto a estrada se bifurca: um caminho para a
santidade, amor, humildade, o outro para o orgulho espiritual, justiça própria,
zelo perseguidor. E não há caminho de volta para as meras e monótonas virtudes
e vícios da alma não desperta. Se o chamado divino não nos fizer melhores,
far-nos-á muito piores. De todos os homens maus os maus homens religiosos são
os piores (Reflections on Psalms. New
York: Harcourt, 1986, p. 31-32, tradução minha do inglês).
O determinante será, portanto, a nossa vontade de cooperar com o Espírito Santo nesse processo de renovação do
homem interior. Obedecer ou não obedecer é uma escolha; a nossa união ou
separação de Deus é um ato de vontade e é esta vontade que determina se a nossa
personalidade é feita uma só com a “Realidade
Última e Definitiva”, que é Deus. Quando o homem é obediente, quando ele
deseja unir-se com Deus, é que ele se torna
pessoa, não mais vivendo a realidade do inferno de um “eu” fragmentado,
partido, falso e usurpador, mas passando a viver uma personalidade integrada,
aperfeiçoada através da obediência, erigida pela sujeição de uma vida disposta
a ser moldada como um vaso nas mãos do oleiro, já que somos como uma obra de
arte de Deus. Sendo tabernáculos de Deus e apenas pela virtude de ser habitado
por Ele, nós somos completamente livres para colaborar com o Espírito Santo,
tornando a nossa vontade uma com a vontade de Deus pela obediência e, a partir
daí, é que somos verdadeiramente criativos e desenvolvemos o verdadeiro
atributo da criatividade que edifica o Reino de Deus como um todo e os santos
individualmente (cf. PAYNE, Leanne. Real
Presence. Grand Rapids: Baker Books, 1995, p. 77-79).
Como tabernáculos do Espírito Santo,
abre-se para nós a possibilidade de buscar a fonte da nossa identidade
unicamente em Deus e, na medida em que esta busca se torna uma realidade
crescente em nós, a personalidade integrada e liberta vai sendo edificada, passando
a não mais se fundamentar em um papel (pai, mãe, esposa, marido), em uma
profissão ou carreira (médico, pastor, advogado, engenheiro), em uma classe ou
status social e/ou econômico (homem, mulher, negro, branco, rico, classe média,
pobre), nos talentos pessoais (habilidade de escrever, cantar, pregar,
administrar), não mais sendo formatada e determinada pelos medos de falhar ou
pelo que os outros pensam dela, já que a justificação da personalidade
encontra-se em Deus apenas e, a partir daí, é que podemos ser libertos da
superimposição dos pecados, dos enganos, dos pontos fracos de outras pessoas e
daqueles de seu próprio passado, das rejeições que a alma sofreu no passado e
sofre no presente, passando a trilhar gradualmente e de forma crescente o
caminho de liberdade para amar, inclusive os nossos inimigos.
Na medida em que a nossa personalidade
encontra sua fundamentação, identidade e senso de valor unicamente em Deus, os
medos, as pressões externas, a indevida dominação por outros através de
manipulação e controle vão perdendo seu poder, não mais formatando e modelando
a sua vida interior, nem mesmo as circunstâncias da vida externa, já que o
nosso senso de segurança está em nossa vida interior, em Deus, pelo que somos
capacitados pelo Espírito Santo para confrontar e lidar com estas coisas e não
mais ser modelados por elas (cf. PAYNE, Leanne, Op. cit., p. 79).
Ouvir a Deus não é somente escutar, mas
também obedecer e, neste processo de obediência com o comprometimento por
inteiro da nossa disposição mental, conforme já dito acima, a nossa vontade se
torna uma com a dEle, o Senhor renova o homem interior em sua dimensão
intelectual, emocional, sensorial e intuitiva, sarando a alma e todo o nosso
ser de suas mazelas, recebendo o fluir do Seu amor, graça e poder para sermos
verdadeiramente criativos e cooperar com o Espírito Santo na redenção do homem
e das coisas criadas, retirando o cheiro e a realidade da morte deste mundo que
jaz nas mãos do maligno.
Deus nos dotou com a capacidade do livre
arbítrio e tal faculdade possibilitou a entrada do mal e do pecado na raça
humana, contudo, o livre arbítrio é a única coisa que nos possibilita o amor, o
qual não é um sentimento, mas uma questão de vontade, a qual precisa ser convertida
ao Senhor diariamente. Decidir entrar em um relacionamento com Deus é escolher
o amor que flui dEle e descobrir-se filho de Deus, amado e redimido, passando
pelo processo doloroso de provações a fim de ser aperfeiçoado e retirada a
“carcaça” do “eu” orgulhoso, perverso e animal que tenta nos dominar (cf.
PAYNE, Leanne, Op. cit., p. 79-85).
Amado irmão, como você tem usado o seu
livre arbítrio para renovar a sua mente?
[excerto retirado do texto de minha
autoria: UM NOVO IMAGINÁRIO, UMA NOVA MENTALIDADE: REFLEXÕES SOBRE OS
FUNDAMENTOS BÍBLICOS DA RENOVAÇÃO DA MENTE, a ser postado futuramente no blog
rugidodaverdade.blogspot.com]
Pablo Luiz Rodrigues
Ferreira
rugidodaverdade.blogspot.com
pablolrferreira@hotmail.com
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