A
maior desgraça que um cristão pode desfrutar é que seu “Evangelho” seja
puramente intelectual, isto é, algo que fica só na mente como um conjunto de
doutrinas, de informação racional, intelectual.
Deus
quer nosso coração:
“Buscar-me-eis
e me achareis quando me buscardes de todo o vosso coração” (Jeremias 29:13
ARA).
Como
resultado da rendição incondicional do nosso coração ao Senhor, do nosso
orgulho e da nossa independência para a completa dependência dEle,
experimentamos o Seu amor como o Aba Pai e a nossa mente vai sendo transformada
na medida em que experimentamos na prática do relacionamento com Deus esse amor
(1 Pedro 2:3).
Recebemos
esse amor e nos sentimos tão amados que queremos ser santos como Ele é porque
isso se torna um prazer para nós e porque não queremos que nada nos separe do
amor do Pai.
Pecaremos
ainda? Sim, porque somos imperfeitos, fracos e precisamos aceitar nossa
imperfeição, sabendo, entretanto, que o poder de Deus se aperfeiçoa na nossa
fraqueza (2 Coríntios 12:9).
Entretanto,
nunca mais faremos pacto com a rebeldia e a mente cauterizada.
Não
se desenvolve a santidade só na mente. Ela é uma questão que começa no coração.
A mente é atingida como consequência de um coração que se quebranta
constantemente, que se rende incondicionalmente na presença do Senhor e recebe
do Seu amor num nível profundo.
Desenvolver
santidade num nível puramente racional, intelectual é um engano do diabo,
porque, em verdade, o coração ainda reproduz a linguagem do demônio: “eu farei
a minha vontade” ao invés de falar a linguagem do céu: “seja feita a Tua
vontade assim na Terra como nos céus”.
A
santidade num nível puramente racional é prisão de frustração. Nunca
conseguiremos atingir os padrões do Evangelho dessa forma e ficaremos
aprisionados num calabouço de auto condenação: passaremos a nos culpar o tempo
todo por não conseguir atingir os padrões do Evangelho e estaremos na casa de
Deus pior do que quando estávamos entregues à própria sorte, sentindo-nos
indignos como filhos.
O
coração rendido entrega tudo o que tem para Deus de modo que todo o nosso ser
passa a ser preenchido e transbordado pelo Espírito Santo: o coração, a mente,
as emoções e até o corpo, que antes era instrumento do pecado.
Deus
quer ocupar a casa toda e não só a mente. Ele quer fazer tudo transbordar,
porque somos o templo do Espírito Santo.
A
verdadeira santidade surge à luz do modelo do relacionamento de Jesus com o
Pai, que é o de completa confiança. E a confiança nasce no meio do lugar de
VERDADEIRA VULNERABILIDADE NO CORAÇÃO DO PAI.
A
realidade atual é que muitas pessoas estão crescendo sem referencial de pai e
de mãe amorosos (muitos são críticos, amaldiçoam com palavras e perfeccionistas
demais, infelizmente); é epidêmico o fato de que muitas pessoas vivenciaram e
vivenciam situações de abandono dos pais, seja abandono físico, financeiro ou
emocional (inclusive pais pastores que dão prioridade ao ministério em
detrimento de sua família), bem como abusos físicos, emocionais e sexuais
dentro do próprio lar. Por conta de tudo isso, não conseguem ver Deus como um
Pai bondoso que as ama.
Para
pessoas que crescem sem referencial de pais amorosos ou que sofreram abandonos
e abusos, o mais doloroso é estar num lugar de vulnerabilidade, porque, um dia,
este lugar de vulnerabilidade as levou para o lugar do abuso e do abandono.
As
pessoas feridas dessa forma constroem defesas emocionais, verdadeiras
fortalezas na mente de orgulho, de aquisição de conhecimento para se
autoafirmarem e serem aceitas pelos outros, de ira, de soberba, de rebeldia, de
ódio e muitos outros sentimentos para não mais ser vulnerável e não mais ser
ferida.
Esse
lugar também tem um alto preço: as pessoas feridas emocionalmente não permitem
que outras pessoas entrem em seu mundo interior e isso custa um alto preço de
esgotamento físico e mental porque tais pessoas passam a vida toda em estado de
alerta para não ser abusadas, abandonadas e/ou feridas de novo. Isto tudo
porque a intimidade significou e significa um lugar de dor para essas pessoas.
Qualquer
que tenha sido a nossa história de vida, Deus nos chama para darmos a Ele
aquilo que mais temos medo de dar: a nossa vulnerabilidade para Ele, o completo
controle de nossa vida para Ele para que o amor dEle possa nos transformar de
dentro para fora. Só assim o pecado deixará de ser uma realidade que nos define
para ser uma realidade periférica em nossa mente e coração.
Deus
nos chama para processar as nossas emoções e as nossas crenças na presença
dEle. Muitos estão longe de Deus, porque estão longe do próprio coração: não
aprenderam a se escutar e entender sua própria necessidade e tem vergonha de si
mesmo e dos próprios sentimentos. Deus quer quebrar esse ciclo.
Pense
nisso: o que tem lhe impedido de ser verdadeiramente vulnerável diante do
coração do Pai? Vergonha? Medo de ser ferido novamente? Bem no seu íntimo, você
acha que Deus o desamparará ou não o receberá como você é? Você tem se culpado
por não atingir um padrão de santidade? Será que seu Evangelho tem sido
puramente intelectual?
Deixe
o Espírito Santo lhe sondar e lhe mostrar a verdade em amor para que seu
coração seja transformado e, por conseguinte, sua mente. Dê uma oportunidade
para si mesmo: questione-se.
Pablo Luiz R. Ferreira
rugidodaverdade.blogspot.com.br