“Então clamaram ao Senhor na sua angústia, e
ele os livrou das suas dificuldades. Enviou a sua palavra, e os sarou; e os
livrou da sua destruição” (Salmos 107:19,20 – Almeida Corrigida Fiel).
A rejeição causa feridas no “eu” da pessoa, as quais transcendem a
esfera da alma, alcançando a mente e o coração, fazendo com que a pessoa se
sinta indesejada, não querida, não aceita, não aprovada pelas pessoas e, assim,
causando uma série de anormalidades emocionais e mentais na personalidade em
decorrência da distorção da autoimagem e de uma autoestima negativa que a
pessoa ferida em seus relacionamentos passa a nutrir, tais como ódio, rancor,
ressentimento, ira, orgulho ferido, vitimização de si (achar-se vítima dos
acontecimentos, sempre culpando os outros por seus fracassos e derrotas – a
chamada autocomiseração), desconfiança, insegurança, inveja, competição,
complexos de inferioridade, depressão, perfeccionismo, dependência emocional,
doenças psicossomáticas, etc.
Todos nós passamos, em algum momento de nossas vidas, por experiências
de negação do amor em maior ou menor escala, tendo recebido feridas de
rejeição, sendo as mais profundas aquelas que acontecem de maneira intensa e
traumática (ex: abuso sexual, psicológico, físico e/ou religioso) no período da
infância e adolescência, bem como até mesmo na vida intrauterina, já que tudo
aquilo que a mãe sente o feto também sente, sendo internalizada na memória dele
todas as experiências de rejeição que a mãe tenha experimentado em relação a
ela ou ao feto (neste sentido, consultar SEAMANDS, David. 2 ed. A Cura
das Memórias. São Paulo: Mundo Cristão, 2007, p. 5-17).
As feridas mais dolorosas da rejeição também são aquelas que ocorrem no
relacionamento com os pais e familiares e/ou figuras de autoridade (ex:
professores, pastores, líderes), uma vez que é neste tipo de relacionamento que
são formadas na mente e no coração do homem os referenciais de amor, aceitação,
aprovação, identidade, valor como pessoa, segurança, autoridade. Se tais
relacionamentos são prejudicados pela rejeição, a alma humana fica ferida, resultando
nas distorções emocionais e mentais citadas acima, as quais serão transferidas
e projetadas em todos os demais relacionamentos, isto é, acabamos por ferir as
pessoas com as mesmas armas com as quais nos feriram.
As feridas da rejeição prejudicam, portanto, a nossa capacidade de nos relacionarmos
de forma sadia conosco mesmos, com os outros e inclusive em relação a Deus, a
quem não conseguimos ver com uma fonte de amor incondicional (neste sentido,
GUILLEN, Fernando. O Espírito de Rejeição. Belo Horizonte:
Ministério Se7e Montes, s/d. 2 DVD).
O antídoto para as feridas da rejeição é o perdão. O perdão é a porta de
entrada do Reino de Deus; só temos a possibilidade de ter relacionamento com
Deus, porque Ele primeiramente nos perdoa por intermédio do sacrifício de
Cristo na cruz e, de semelhante modo, devemos perdoar as ofensas cometidas
contra nós.
Toda experiência de negação do amor, isto é, de rejeição provoca dois
fenômenos na pessoa ferida: 1. medo da
rejeição (medo de ser rejeitado novamente) e 2. autorrejeição (o trauma da rejeição faz a pessoa acreditar em uma
crença negativa a respeito dela mesma em função do trauma).
Toda a experiência de rejeição é curada com o perdão em relação à pessoa
que nos ofendeu, abusou ou mesmo nos abandonou, entretanto, para a cura
completa da alma é preciso que as barreiras da autorrejeição caiam.
Em toda experiência de rejeição ou trauma emocional, a pessoa acaba
absorvendo o medo da rejeição que esta experiência lhe causou e, como fruto
deste medo, ela fica com a autoimagem partida, isto é, com autorrejeição: a
pessoa não se sente amada, querida e com valor e assume como verdade uma
mentira diabólica a respeito dela mesma, que causa dor e sofrimento.
Essa crença negativa que a pessoa internaliza a partir do trauma é uma
MALDIÇÃO AUTO IMPOSTA.
Então, no processo de cura interior e libertação da rejeição, durante a
oração, o Espírito Santo tem de trazer à memória da pessoa a raiz do problema:
o evento traumático e revelar qual foi a crença negativa que a pessoa assumiu a
partir daquele trauma, ou seja, como a pessoa se autoamaldiçoou.
A partir da revelação do Espírito Santo, a pessoa confessa em oração os
sentimentos dolorosos que vivenciou com o trauma (ex: medo, abandono, ira,
etc.), entregando-os ao Senhor e se arrepende da maldição auto imposta, isto é,
arrepende-se de ter recebido como verdade uma mentira do inferno a seu respeito
e declara a maldição auto imposta quebrada no nome e no sangue de Jesus,
proibindo toda a influência demoníaca decorrente da iniquidade (da forma de
pensar errada sobre si, da forma distorcida e desalinhada da Palavra de Deus de
pensar a respeito de si mesma). Ex. de maldições auto impostas: "eu não
valho nada", "eu sou inadequado", "eu sou incapaz",
etc.
A pessoa tem de declarar sobre si as verdades da Palavra a seu respeito:
que tem valor, que é filho de Deus, etc.
E lógico: a pessoa em oração precisa perdoar a quem lhe feriu e se
perdoar também. Renunciar o medo e se aceitar.
Por fim, a pessoa deve se colocar diante do Espírito Santo e convidá-lo
a ministrar o que Ele quiser ministrar a ela: muitas vezes, Deus dará visões
curadoras as pessoas, testemunhará em seu íntimo palavras de afirmação ou
lembrará ela de momentos em que ela se sentiu amada para promover a cura das
emoções.
É importante lembrar que algumas experiências de rejeição foram fortes
demais e desencadearam muitas crenças negativas diferentes no coração da
pessoa. Então, é muito normal que o Espírito Santo cure a pessoa em estágios e
trabalhe um aspecto diferente da mesma experiência de cada vez em cada oração,
porque a pessoa não suporta tudo de uma vez.
Gostaria de trazer ao leitor um exemplo da minha vida:
“Eu estava pesquisando sobre como
a idolatria e o racionalismo apagaram o mover sobrenatural do Espírito Santo na
igreja ao longo da história. Aproveitei para me colocar diante do Senhor e me
arrepender por todo intelectualismo que dominou minha vida: desde muito
pequeno, eu tinha uma sede enorme de adquirir conhecimento para me autoafirmar,
para provar que eu era importante, digno de valor e, mesmo quando fui batizado
com o Espírito Santo e agraciado com os dons espirituais, continuei sendo
racional e confiando mais no conhecimento do que em Deus. Enquanto me
arrependia desta iniquidade, o Senhor falou para mim: ‘VOCÊ É ASSIM PORQUE VOCÊ
ACREDITA QUE NÃO É DIGNO DE SER CUIDADO’. Pedi ao Senhor revelação da origem
disso e Ele me mostrou uma foto da minha mãe grávida em preto e branco. Ele me
revelou que minha mãe passou para mim os medos que ela tinha em relação ao meu
pai: engravidou solteira e não sabia se meu pai cuidaria dela e de mim.
Confessei os pecados do meu pai e mãe pela concepção fora do casamento,
confessei meus sentimentos em relação à experiência (medo, insegurança) e
renunciei a iniquidade, quebrando-a no nome e no sangue de Jesus. Renunciei a
maldição auto imposta "EU NÃO SOU DIGNO DE SER CUIDADO", quebrando-a
no nome e no sangue de Jesus e proibindo toda a influência demoníaca decorrente
da iniquidade. Perguntei ao Senhor se ele queria tratar mais alguma coisa em
relação a esse incidente e Ele me disse: ‘essa experiência também fez você
rejeitar seu corpo e acreditar que SEU CORPO NÃO É DIGNO DE SER CUIDADO’. Mais
uma vez me arrependi da maldição auto imposta, renunciando-a e quebrando-a no
nome e no sangue de Jesus e proibindo toda a influência demoníaca decorrente da
iniquidade. O resultado: mais cura na minha identidade (passei a me amar mais e
ficar melhor com minha autoimagem corporal) e mais amor pelos meus pais encheu
meu coração”.
É de se dizer que essa oração também pode ser feita com o auxílio de um
pastor, conselheiro ou libertador (Tiago 5:16), até mesmo porque, em muitos
casos, a pessoa não tem força, nem luz para se libertar sozinha. Mas o ideal é
que ela se fortaleça, seja educada neste processo a respeito de suas questões
emocionais e desenvolva com Deus uma intimidade para receber diretamente dele a
ministração da cura interior em oração.
Por fim, acentue-se que esta não
é uma mera mecânica. A cura interior é uma obra sobrenatural de ministração
pessoal do Espírito Santo, mas que envolve por parte daquele que quer ser
curado três grandes princípios: o arrependimento de pecados (de uma forma
pecaminosa de crer a respeito de si mesmo), do perdão das ofensas praticadas
contra si e do perdão de pecados e iniquidades que o Senhor nos dá por
intermédio do nome e do sangue de Jesus – sem esses três elementos, não há cura,
portanto, o primeiro passo essencial de todo aquele que quer ser curado é
renunciar ao orgulho e ter uma disposição de a tudo perdoar, inclusive a si
mesmo quando necessário, dependendo inteiramente do Espírito Santo para o seu
processo.
Pablo Luiz Rodrigues Ferreira
rugidodaverdade.blogspot.com
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