terça-feira, 19 de julho de 2011

CRISTO VEIO PARA ENDIREITAR OS CAMINHOS TORTUOSOS E QUEBRAR AS TRANCAS DE FERRO – reflexões em Isaías 45:1-10


         “Assim diz o Senhor ao seu ungido, a Ciro, a quem tomo pela mão direita, para abater nações diante de sua face, e descingir os lombos dos reis; para abrir diante dele as portas, e as portas não se fecharão; eu irei adiante de ti, e tornarei planos os lugares escabrosos; quebrarei as portas de bronze, e despedaçarei os ferrolhos de ferro. Dar-te-ei os tesouros das trevas, e as riquezas encobertas, para que saibas que eu sou o Senhor, o Deus de Israel, que te chamo pelo teu nome. Por amor de meu servo Jacó, e de Israel, meu escolhido, eu te chamo pelo teu nome; ponho-te o teu sobrenome, ainda que não me conheças. Eu sou o Senhor, e não há outro; fora de mim não há Deus; eu te cinjo, ainda que tu não me conheças. Para que se saiba desde o nascente do sol, e desde o poente, que fora de mim não há outro; eu sou o Senhor, e não há outro. Eu formo a luz, e crio as trevas; eu faço a paz, e crio o mal; eu sou o Senhor, que faço todas estas coisas. Destilai vós, céus, dessas alturas a justiça, e chovam-na as nuvens; abra-se a terra, e produza a salvação e ao mesmo tempo faça nascer a justiça; eu, o Senhor, as criei: Ai daquele que contende com o seu Criador! o caco entre outros cacos de barro! Porventura dirá o barro ao que o formou: Que fazes? ou dirá a tua obra: Não tens mãos? Ai daquele que diz ao pai: Que é o que geras? e à mulher: Que dás tu à luz?” (Isaías 45:1-10).
         Ao longo da história, o nosso Senhor sempre levantou um libertador para retirar o seu povo do cativeiro, trazendo liberdade e restauração. Em Isaías 45, vemos um claro retrato desta verdade, em que Deus levanta o Rei Ciro para libertar o povo de Judá das mãos do domínio da Babilônia, decretando a liberdade do seu povo e trazendo à luz as promessas de reconstrução da identidade da nação.
Hoje, a libertação propiciada por Ciro representa a obra de salvação que o Senhor Jesus já consumou na cruz por nós. Ele abate os inimigos de nossa alma, abrindo as portas para a nossa salvação (v.1); endireita os caminhos maus em que andávamos e nos causavam dor e sofrimento, restaurando a nossa identidade e personalidade, libertando-nos das nossas prisões interiores e quebrando as trancas das maldições (v.2).
Deus propicia esta obra de restauração por amor de seu povo (v.5) e não devemos esquecer que, para que isto seja possível, há o custo de um relacionamento de exclusividade com o Senhor, ou seja, temos que lançar fora tudo aquilo que possa ocupar o lugar de Deus em nosso coração. Só assim poderemos desfrutar da salvação e da justiça de Deus, a qual cobre os nossos pecados pelo sangue de Jesus (vv.5-8).
Por fim, não podemos ser imediatistas. A restauração é um processo, assim como foi a reconstrução de Jerusalém e do Templo. Temos de ter paciência e confiar que o Senhor nos ajudará na mudança, não como queremos, mas como Ele deseja, por que Ele sabe o que é o melhor para nós.
Temos de nos dispor a sermos mudados e nos submeter à ação de Deus, como um vaso de barro moldado nas mãos do oleiro (v. 9-10), dependendo do ministério do Espírito Santo de nos convencer do pecado, da justiça e do juízo de Deus, conduzindo-nos no caminho da verdade (João 16:8-13).
E quem é a verdade senão o próprio Cristo? “Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim” (João 14:6).
Infelizmente, muitos tem andado fracos e doentes espiritualmente e não são poucos os que andam dormindo o sono da religiosidade porque não tem participado da união efetiva de intimidade com Deus, andam indignamente em relação ao chamado que o Senhor nos deu, em virtude de não ter aprendido a discernir o corpo de Cristo, trazendo morte e juízo para si (1 Coríntios 11:23-32).
Somente o Espírito Santo pode nos conduzir até a Presença de Deus, despertando o nosso ser para discernir o corpo de Cristo. Discernir o corpo de Cristo não é um conhecimento intelectual acerca da sua obra na cruz, mas uma profunda comunhão com Ele através do Espírito Santo, o qual traz a essência do Cristo ressurreto para nós, “transpondo-a” em nós, dentro de nós e através de nós, renovando todo o nosso ser.
Deus quer nos dar os “tesouros escondidos” do relacionamento com Ele para que o conheçamos como Ele é e sejamos transformados à imagem de seu Filho Jesus (Isaías 45:3).
No dia de hoje, pense: o que tem afastado você de Deus e feito você andar indignamente? Qual a sua necessidade mais urgente de arrependimento e quebrantamento das suas vontades para que você possa aprender e desfrutar dos benefícios de discernir o corpo de Cristo?


Pablo Luiz Rodrigues Ferreira
Julho de 2011
rugidodaverdade.blogspot.com


quinta-feira, 14 de julho de 2011

AMOR: UMA PEQUENA REFLEXÃO



Aproximou-se dele um dos escribas que os tinha ouvido disputar, e sabendo que lhes tinha respondido bem, perguntou-lhe: Qual é o primeiro de todos os mandamentos? E Jesus respondeu-lhe: O primeiro de todos os mandamentos é: Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes” (Marcos 12:28-31, Almeida Corrigida Fiel).

Mas, sobretudo, tende ardente amor uns para com os outros; porque o amor cobrirá a multidão de pecados” (1 Pedro 4:8, Almeida Corrigida Fiel).

Amar é o maior mandamento bíblico. É a essência do próprio Deus. O amor cobre multidões de pecados e, se os pecados são cobertos, as barreiras que nos separam de Deus são removidas e o Espírito Santo pode fluir através de nós para que possamos ser canal de benção e cura para a vida de outras pessoas.

Amar a Deus e ao próximo, amigo e também ao inimigo, o qual precisa de amor para ser transformado em “amigo da cruz de Cristo”.

Amar é ser canal de perdão, resgate e restituição, tal como o profeta Oseias que resgatou sua mulher adúltera e prostituta para uma nova vida de transformação em Deus.

Aos olhos humanos, pessoas que conhecemos, até mesmo alguns de nossa família, talvez até mesmo nosso próprio pai ou mãe, podem parecer ser indignos de ser amados, mas pense: será que essas pessoas seriam assim se verdadeiramente conhecessem o amor de Deus?

E quem é que pode e deve ser canal desse amor que ressuscita?

Eu e você, que temos o maravilhoso privilégio de amar a Deus.

Deus requer de nós exclusividade e, uma vez que abrimos a porta para Ele viver em nós e através de nós, devemos fechar a porta na cara de outra pessoa, a saber o inimigo das nossas almas.

Você quer fechar a porta na cara dele?

Então, ame e faça do amor uma essência de vida, assim como Deus é amor.

No dia de hoje, para quem você precisa restituir amor?

Que a cada dia, possamos caminhar, restaurando dentro de nós as essências do Reino de Deus, restituindo o amor na vida das pessoas, porque, quando assim fazemos, somos transformados à imagem e semelhança de Cristo, recuperando uma parte de nós mesmos que foi perdida com o pecado.


Pablo Luiz Rodrigues Ferreira
rugidodaverdade.blogspot.com
14 de julho de 2011


   

segunda-feira, 11 de julho de 2011

AS MAZELAS DOS ÚLTIMOS DIAS E A RESTAURAÇÃO DA IDENTIDADE CRISTÃ – Algumas reflexões em Oséias 1 e 2.



Em II Tm 3:1-5, o Apóstolo Paulo nos apresenta um quadro que marca os últimos dias, definindo-os como tempos difíceis e penosos, nos quais o homem, afastado de Deus, é marcado por uma série de características que revelam seu egoísmo e perda de referência de qualquer tipo de autoridade no seu comportamento:

Sabe, porém, isto, que nos últimos dias sobrevirão tempos penosos; pois os homens serão amantes de si mesmos, gananciosos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a seus pais, ingratos, ímpios, sem afeição natural, implacáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, inimigos do bem, traidores, atrevidos, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando-lhe o poder. Afasta- te também desses”.

Tal comportamento é, em grande parte, fruto da desagregação familiar, resultando em uma geração marcada por uma série de deformidades na alma e relacionamentos destruídos.

Este é o quadro da juventude e da humanidade de hoje, inclusive daqueles se achegam a Igreja de Cristo, vindos do mundo, trazendo todas estas marcas de destruição. Mais uma vez devemos olhar para as Sagradas Escrituras, para Deus e suas promessas a fim de encontrar o caminho para a restauração da identidade, a fim de nos vermos como preciosos diante de Deus uma vez que comprados no sangue de Cristo.

A Bíblia nos mostra uma situação semelhante no livro do Profeta Oséias, no qual o povo de Israel estava em acentuada desagregação e infidelidade em relação a Deus; dias trabalhosos e difíceis, no qual o povo se afastou de Deus. O livro retrata a história do Profeta Oséias e sua infiel esposa Gômer, espelhando a relação infiel entre o povo judeu e Deus. Assim diz o Senhor de Gomêr: “Vai, toma mulher de prostituições e terás filhos de prostituição, porque a terra se prostituiu, desviando-se do Senhor” (Os 1:2). Oséias teve três filhos, cujos nomes mostravam a situação decaída e pecaminosa do povo judeu: Jezreel, uma vez que “Deus queria que o povo reconhecesse o seu próprio pecado e, por isso o nome do filho do profeta serviria para relembrar aos israelitas um dos maiores crimes da sua história (II Rs 10:1-14)” (Russell Shedd); Desfavorecida, que literalmente significa “de quem não se compadeceu”; e Não-Meu-Povo, porque o povo judeu, em meio a idolatria e imoralidade, não se comportava como povo de Deus.

O texto de Oséias 2:2-13 nos traz mais alguns detalhes sobre a iniquidade de Israel e do juízo de Deus. O povo judeu tinha perdido sua identidade como povo de Deus em virtude da desobediência, imoralidade e idolatria e, assim também nós, quando andamos segundo nossa própria vontade e segundo os desejos da nossa carne.

A esperança que fica para nós nos dias de hoje é que, tal como Deus fala ao povo de Israel, o Senhor nos promete restauração. Apesar da desobediência, Deus não volta atrás em seus planos para o seu povo, restaurando a identidade do mesmo, mas para isto o Senhor requer de nós a confissão sincera de nossos pecados, arrependimento e fé no nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo, o único que é fiel e justo para nos lavar de todas as iniqüidades e perdoar as nossas faltas (1 João 1:9).

 Devemos abandonar as vestes velhas e deixar as conseqüências de nossos pecados na mão de Deus para que Ele as trate, sejam quais forem, tendo a consciência de as coisas não mudam de uma hora para outra. A transformação do caráter e a renovação da mente requerem tempo, disciplina, luta e entrega constante a Deus, a rendição do velho “eu”, o sacrifício da nossa própria vontade.

Voltando para o texto de Oséias 1: 10 – 2:1 e 2:14-23, vemos as promessas de restauração para o povo de Deus. Levando uma vida de arrependimento e fé, sincera diante de Deus, seremos chamados mais uma vez pelo Senhor de “Meu Povo” ao invés de “Não-meu-povo” e de “Favorecidos”, ao invés de “Desfavorecidos”. O Senhor nos atrairá e nos levará ao deserto e ali nos falará ao coração (2:14), tirará da nossa boca o nome das nossas iniquidades (2:17) e nos desposará em justiça, juízo, bondade, misericórdia, fidelidade e, então, conheceremos o Senhor e Ele nos será favorável (2:19-21). Em Cristo, seremos novas criaturas e não mais “filhos de prostituições”.

A paz de Deus seja com todos nós e que você, caro leitor, tenha a sua esperança e amor no Senhor renovados no dia de hoje.





Pablo Luiz Rodrigues Ferreira

Elaborado em: 07/02/2008,

reformulado e acrescido em 11/07/2011

rugidodeverdade.blogspot.com



            

terça-feira, 5 de julho de 2011

AUTOIMAGEM E LIDERANÇA: A RESTAURAÇÃO DA IDENTIDADE DO SERVO

 

Uma das figuras que a Bíblia usa para se referir a nós cristãos como membros da família de Deus é a palavra “servo”. Fomos resgatados por Cristo não somente para sermos reconciliados com Deus e sermos chamados de seus filhos, mas também para servir, com a finalidade de manifestar a Glória do nosso Senhor e instituir o seu Reino.

O objetivo deste pequeno texto é mostrar como a nossa autoimagem e o orgulho influenciam de forma determinante a forma como exercemos poder e liderança em relação ao nosso semelhante no nosso sistema de relações sociais e religiosas.

Leia o texto abaixo de Marcos 10:35-45, observando as palavras sublinhadas a respeito desse tema:

Então, se aproximaram dele [Jesus] Tiago e João, filhos de Zebedeu, dizendo-lhe: Mestre, queremos que nos conceda o que te vamos pedir. E lhes perguntou: Que quereis que vos faça? Responderam-lhe: permite-nos que, na tua glória, nos assentemos um à tua direita e o outro à tua esquerda. Mas Jesus lhes disse: não sabeis o que pedis. Podeis vós beber o cálice que eu bebo ou receber o batismo com que eu sou batizado? Disseram-lhe: Podemos. Tornou-lhes Jesus: bebereis o cálice que eu bebo e recebereis o batismo com que eu sou batizado; quanto, porém, ao assentar-se à minha direita ou à minha esquerda, não me compete concedê-lo; porque é para aqueles a quem está preparado. Ouvindo isto, indignaram-se os dez contra Tiago e João. Mas Jesus, chamando-os para junto de si, disse-lhes: Sabeis que os que são considerados governadores dos povos têm-nos sob seu domínio, e sobre eles os seus maiorais exercem autoridade. Mas entre vós não é assim; pelo contrário, quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva; e quem quiser ser o primeiro entre vós será servo de todos. Pois o próprio Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos.



Nesta passagem do Evangelho de Marcos, Jesus ensina aos seus discípulos como o poder e a liderança são exercidos no Reino de Deus no desempenho do servir. Pode-se extrair do texto os seguintes princípios e observações:

I- Quando o coração do homem é dominado pelo engano e pelo orgulho, ele busca sempre a posição de destaque e poder em qualquer que seja a relação social, sem se esvaziar de si mesmo e sem querer o benefício de todos, mas tão somente a satisfação de interesses e desejos pessoais egoístas. As pessoas buscam cada vez mais poder e destaque, tendo pretensões “megalomaníacas” e usam o Evangelho de Jesus para tornar o seu nome célebre, tal como fizeram os construtores da Torre de Babel (Gn 11:4).

II- As pessoas que buscam o seu senso de valor em posições, em cargos, em poder para se satisfizer pessoalmente exercerão o seu poder e sua liderança de forma dominadora, autoritária, abusiva, arrogante, usando de ameaças, medo, manipulação e punição, ainda que de forma velada, em relação aos seus liderados para atingir seus objetivos de busca pelo poder e posições. Os liderados não serão a finalidade do trabalho ministerial, mas serão “meios”, meras marionetes, as quais o líder usará para conseguir preencher seus desejos de autoafirmação.

III- Os olhos espirituais de Tiago e João, neste episódio, não tinham se aberto para a missão de Jesus, a de servir e dar a sua vida em resgate pelos nossos pecados; estavam cegos e espiritualmente enganados; assim somos nós, quando estamos dominados pelas nossas próprias vontades, cultivando o nosso “eu” pecaminoso, sem olhar o nosso próximo em suas necessidades.

IV- O modelo de liderança e exercício de poder no Reino de Deus é diferente e requer de nós sacrifício pessoal em favor das necessidades do outro e da salvação dos perdidos; sacrifício de nosso tempo, dos nossos recursos, dos nossos prazeres e vontades, do nosso conforto muitas vezes; exige a morte do nosso “eu” pecaminoso e do nosso orgulho.

V- A liderança e exercício de poder no Reino de Deus só podem ser bem sucedidos se o nosso senso de valor como pessoas, a nossa identidade, a forma como nos vemos e nos estimamos em nossa mente e emoções (= autoimagem) estiver em Deus, de modo que sejamos cheios dos frutos do Espírito Santo, sendo à imagem e semelhança de Cristo.

VI- Quando vivemos para Jesus e encontramos nEle o nosso valor e desfrutamos do amor incondicional de Deus que nos aceita, cooperamos com o que Ele faz e faremos as obras ainda maiores que Jesus disse que faríamos, sem esperar qualquer recompensa e elogio dos homens, estando dispostos a, se necessário for, dar também a nossa vida em favor de muitos.

Todos nós como seres humanos exercemos liderança em determinadas áreas de nossas vidas, seja no trabalho, na família como pais, na igreja, em grupos, ou exercemos poder em alguma medida, seja organizando alguma tarefa, seja influenciando pessoas de forma positiva ou negativa através de nosso jeito de ser, personalidade, sorrisos, presentes, afetando de alguma forma as pessoas com as quais convivemos.

A forma como exercemos poder e liderança é determinada pelo nosso caráter e este é construído pela forma como nos vemos e buscamos o nosso senso de valor, o que chamamos de autoimagem, ou seja, o retrato que temos acerca de nós mesmos em nosso coração (= mente e emoções).

Se a nossa autoimagem está fundamentada no nosso “eu”, no orgulho, seja qual for a fonte dos mesmos, exerceremos poder e liderança de forma a dominar, manipular pessoas e circunstâncias para que elas se encaixem do jeito que melhor satisfaz as nossas necessidades pessoais e estaremos longe do modelo de Jesus, o de servir o outro sem esperar a recompensa dos homens; desenvolveremos também a religiosidade; às vezes, realizaremos obras em grande quantidade (ativismo religioso) e/ou teremos uma vontade intensa de competir com os outros para mostrar o nosso valor como pessoas, o que no fim não é nada mais do que insegurança acerca de nós mesmos, do nosso valor como pessoas que sempre dependerá da opinião dos outros quando buscamos o elogio humano; traremos as pessoas para nós e não para Cristo.

A finalidade primeira de todo serviço cristão é manifestar a Glória de Deus sobre a vida das pessoas. A Glória é de Deus e a Glória que é dele, Ele não divide com ninguém. Se nos apropriamos de uma Glória que é de Deus, arcaremos com as graves consequências. Nem mesmo Davi, o homem segundo o coração de Deus, escapou do castigo por ter feito um censo do povo de Israel de forma pecaminosa, orgulhosa, juízo este que afetou os seus liderados também (1 Cr 21). O episódio de Davi mostra o que pode acontecer conosco se exercemos a nossa liderança e poder de forma pecaminosa para satisfazer os desejos do nosso “eu”, trazendo graves consequências para os liderados ou pessoas que exercemos influência e poder. Para o povo de Israel o resultado foi uma praga que trouxe morte para muitos e Davi ainda teve de conviver com a lembrança dolorosa de que a responsabilidade por isso foi dele.

E você pode pensar: hoje é tempo de graça, Deus não vai nos punir desse jeito. A morte que você pode trazer sobre seus liderados pode até não ser física, mas com certeza trará repercussões espirituais e emocionais. Um dia a máscara vai cair porque Deus tem compromisso com a manifestação da verdade e Ele removerá o “cajado” do líder e quanto maior a posição, maior a repercussão do “tombo”, da queda, os liderados irão descobrir tudo e só Deus para administrar as consequências e curá-los da frustração, das mágoas, das decepções. Deus cobrou o sangue da cabeça de Davi e também cobrará a nossa responsabilidade pelo que temos feito (aqui, gostaria de indicar o livro “Feridos em Nome de Deus”, de Marília de Camargo Cesar, da editora Mundo Cristão, com a finalidade de aprofundamento do tema da liderança disfuncional e o tema do abuso religioso; é um livro impactante que ajudará os feridos com a questão de lideranças abusivas a serem restaurados, mas também dará a você armas para detectar falsos mestres e falsos profetas, bem como ajudará a escapar de seus esquemas de manipulação e controle).

O segundo objetivo da liderança, exercício de poder e influência no Reino de Deus é edificar o nosso próximo e, por via de consequência, edificar o corpo de Cristo, embelezando a sua igreja, ajudando-nos a crescer no amor, uma vez que a essência do amor de Deus é a “alteridade”, isto é, um amor que é praticado em direção ao outro, ao próximo e suas necessidades. O serviço cristão tem de ser para nós uma excelente oportunidade para mortificar o nosso egoísmo, um exercício do negar-se a si mesmo.

Por fim e não menos importante, serviço também implica em prestação de contas, o que faremos em relação a Deus com certeza, mas também devemos fazer em relação aos nossos guias espirituais. Faz parte de ter uma vida de transparência, do andar na luz.

Lembre-se: Provar que temos valor é uma necessidade pecaminosa nossa e não de Deus. Busque em Deus o seu senso de valor, a sua identidade e mude a forma como você vive e interage com as pessoas, exercendo poder e liderança (aqui indico o livro “Você é alguém especial”, de Bruce Narramore, da editora Mundo Cristão, para o aprofundamento das questões de autoimagem e autoestima à luz da Palavra de Deus). Torne-se um servo valoroso e seja semelhante a Cristo!

Pablo Luiz Rodrigues Ferreira

Julho de 2011

rugidodaverdade.blogspot.com

sexta-feira, 1 de julho de 2011

QUEDA E NOVO COMEÇO: ALGUMAS REFLEXÕES NAS GENEALOGIAS DE 1CRÔNICAS



Texto básico: 1 CR 1: 1-4, 24; 2: 1, 12, 13, 15....

Muitos de nós hoje, ao nos depararmos com as genealogias de 1 Crônicas, ficamos até entediados com uma lista de nomes que, sob nossa ótica pragmatista e objetivista, não tem uma razão de ser e estão ali só para atrapalhar as passagens e histórias bíblicas que nos trazem as verdadeiras lições espirituais. É fulano que gerou beltrano, que gerou não sei quem mais ...
Não se ignora que existam passagens bíblicas mais relevantes do que esta, porém, tal como o primeiro capítulo da Carta de Paulo aos Romanos, estas genealogias bíblicas são inspiradas pelo Espírito Santo e nos ilustram uma grande verdade espiritual.
Comentários doutrinários a parte, sinteticamente se pode afirmar que estas genealogias têm como objetivo mostrar aos israelitas do pós-exílio babilônico os seus ancestrais, ressaltando a linhagem de Davi e os aspectos positivos de sua pessoa e reinado a fim de que desse ao povo uma esperança de reconstrução da nação. Com a revelação do Novo Testamento, tais genealogias são parte da genealogia do Messias Prometido, o nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, aquele que, pelo seu sacrifício na cruz, livrou-nos do poder do pecado e da morte uma vez que Ele veio da Tribo de Judá, da família de Davi.
A grande lição que se pode tirar deste trecho das Escrituras, é que, olhando para as pessoas mencionadas na linhagem do Messias, pode-se constatar que Deus usou inúmeras pessoas, algumas menos ideais e outras até mesmo repulsivas, para trazer Jesus ao mundo. Isso significa, para nós, que Deus pode nos usar grandemente como veículos da sua graça e da expansão de seu Reino, não importando quais tenham sido as circunstâncias de nosso passado, nem tampouco as conseqüências que tenhamos de carregar conosco; com arrependimento e fé na obra salvadora de Cristo, Deus sempre providencia um novo começo para nós, segundo a sua soberana vontade, a fim de que sejamos servos úteis, luz e sal neste mundo.
Alguns personagens bíblicos na genealogia de Davi e de Cristo são emblemáticos para demonstrar tal verdade. Pensemos em Raabe que era uma prostituta e foi salva pelo evangelho (Js 2:1; Mt 1:5) e ainda foi incluída na galeria dos heróis da fé em Hebreus 11. Rute que era uma moabita e cresceu em meio a idolatria e aos costumes imorais de seu povo, a qual casou com Boaz, gerando Obede, que gerou Jessé, que gerou Davi. E o que dizer de Judá, que coabitou com Tamar, sua nora, pensando que a mesma era uma prostituta (ver Gn 38)? Eles e seus descendentes compõem a linhagem de Davi. Abrãao veio da terra de Ur dos caldeus, vivendo também em meio à idolatria e costumes imorais e foi pai da grande nação de Israel. Por fim e não menos importante, tem-se Adão e Eva, cujo pecado contaminou toda a raça humana, corrompendo sua natureza e a tornando inimiga de Deus; uma das conseqüências diretas de seu pecado foi uma família disfuncional e que resultou no primeiro homicídio da humanidade; mesmo assim, Deus providenciou um novo começo para eles através de seu filho Sete e depois Noé e Sem, providenciando todo um plano de redenção para o homem por meio de Jesus.       
Que Deus nos ajude a acreditar que há um novo começo para nós, apesar do nosso passado e dos nossos erros e também das consequências que tenhamos de carregar, sabendo que o Senhor é poderoso para mudar a nossa realidade e nos direcionar a uma vida de fé, perdão, santidade e esperança de que Jesus voltará e reinará durante toda a eternidade e, então, toda a dor e sofrimento terminará.
Romanos 8:18: “Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada”.
Maranata, Jesus!

Pablo Luiz Rodrigues Ferreira
[elaborado em: 26.04.2008,
reestruturado e revisado em 01 de julho de 2011]
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